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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sábado, 24 de setembro de 2016

Falhas informáticas deixaram milhares sem medicamentos

PORTUGAL

Foram quatro dias de caos. Sistema já está a funcionar, mas médicos continuam a ter problemas por causa de computadores antigos


Foram milhares os utentes que nos últimos dias não tiveram acesso a receitas e não conseguiram aviar os medicamentos na hora, por causa de falhas informáticas no servidor do ministério que impediram médicos e farmacêuticos de aceder à receita eletrónica. Depois de vários dias de trabalho, a questão está resolvida, mas existem outros problemas, como computadores antigos e internet fraca nos centros de saúde, que criam entraves no sistema.

Na semana passada e nesta segunda-feira o acesso à receita eletrónica esteve em baixo - três manhãs e um dia inteiro -, obrigando os utentes a ir mais do que uma vez ao centro de saúde ou farmácia. O mais complicado foram as receitas 100% eletrónicas, em que o utente recebe um sms (mensagem) no telemóvel com os códigos que a farmácia precisa para aceder à receita. Sem sistema não foi possível colocá-los e ver a prescrição. Para quem tinha guia de tratamento foi mais fácil, já que se sabia os remédios receitados e as farmácias puderam vendê-los.

"Na semana passada existiram muitos problemas com a dispensa da receita eletrónica, que criaram transtornos aos utentes. Nos casos em foi possível, os medicamentos foram dispensados com base na guia de tratamento. Mas 5% dos utentes, por dia, não conseguiram levantar os medicamentos na hora porque só tinham sms. Tiveram de regressar mais tarde à farmácia. Estamos a trabalhar com os Serviços Partilhados do Sistema de Saúde [SPMS] e julgamos que está resolvido", disse Miguel Lança, diretor dos sistemas de informação da Associação Nacional de Farmácias.

Segundo Henrique Martins, presidente da SPMS, por dia, entre 4500 e 5000 receitas já só existem por sms. Explica que as falhas ficaram a dever-se à maior adesão à prescrição eletrónica e ao grande volume de tráfego com as dispensas parciais. "Terminámos a transferência para dois servidores para termos um dedicado às farmácias e à receita eletrónica e aumentou a capacidade de resposta. Estamos a consolidar as melhorias e a capacidade. Pedimos desculpa pelos constrangimentos e estamos convencidos de que estes acabaram", disse, referindo que "não é possível garantir que não volte a acontecer".

Tudo para dar resposta

João Padilla, farmacêutico no Carregado, fez o possível para ninguém ficar sem resposta. "Tive a situação de um doente que veio das urgências com uma infeção respiratória. A receita estava no telemóvel e não consegui ter acesso à medicação. Com o doente, percebi que a prescrição tinha um antibiótico que deveria começar assim que possível. Consegui entrar em contacto com o hospital que me ajudou a resolver a situação. Também tive situações de medicação crónica e não consegui ter acesso. Expliquei a falha no sistema informático e nem sempre é fácil ser compreendido", disse. Ontem, Maria João Abreu, da Farmácia do Marquês, não teve dificuldades, mas na semana passada não foi assim. "O sistema dava erro. Com a guia fizemos a venda suspensa. Aplicámos a comparticipação geral e pedimos ao utente para depois vir buscar a fatura", referiu.

Para os médicos o problema revelou-se ainda na falta de acesso ao histórico dos medicamentos prescritos. "É a forma de sabermos o que foi prescrito, quando e o que foi comprado. Sem isso é como estarmos de olhos vendados. Agora já temos acesso, mas temos problemas todos os dias e várias vezes. O sistema é bom. É como ter um Ferrari mas sem dinheiro para a gasolina. É uma angustia porque nunca sabemos qual será a crise do dia. Os computadores estão obsoletos, os ratos não funcionam, o sistema fica lento e vai abaixo, tenho de tirar e pôr o cartão de identificação porque não reconhece. Numa situação destas não consigo passar a receita. Tenho de pedir ao utente que volte depois ou envio-a por sms. É urgente renovar o parque informático", afirmou Rui Nogueira, presidente da Associação dos Médicos de Família.

Fonte: DN.pt