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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Crescem as queixas contra tratamentos ortodônticos

Aparelho dentário é vice-campeão de denúncias no ranking do conselho de classe

Quando tinha sete anos, Bruna Arkalji começou um tratamento ortodôntico. Ficou com o sorriso alinhado e teve alta. Mas foi só tirar o aparelho que os dentes voltaram a entortar. Procurou outro ortodontista, a história se repetiu. E de novo.
``Passei por três dentistas e, ao todo, usei aparelho por quase 18 anos, de todos os tipos: fixo, removível, estético``, conta a empresária, hoje com 30 anos. Para corrigir o sorriso e se livrar de dores na mandíbula, ela recorreu a um cirurgião, que lhe indicou mais um especialista. Bruna só conseguiu solucionar a questão com o novo tratamento ortodôntico, dessa vez combinado à cirurgia.
A história de Bruna é desagradável, e cada vez mais comum. ``Está aumentando tremendamente o número de pacientes que se submetem a tratamento ortodôntico e não obtêm o resultado desejado``, diz o ortodontista Kurt Faltin Júnior, membro executivo da World Federation of Orthodontists. Ele afirma que 30% de seus pacientes, hoje, são pessoas que já se submeteram ao uso de aparelho nos dentes e não ficaram satisfeitas.
Faltin diz que os pedidos de retratamento ortodôntico aumentaram muito nos últimos cinco anos. ``A maior queixa é a questão estética, mas há casos em que a pessoa nem consegue mastigar direito``, diz. A correção dos dentes fica mais difícil, depois de já ter sido feito um tratamento errado.
No Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp), as denúncias de erros com tratamentos ortodônticos só perdem para os problemas com implantes, segundo o conselheiro Marco Antonio Rocco. Ele ressalva, porém, que fatores como mudanças fisiológicas e envelhecimento podem obrigar a pessoa a repetir um tratamento, mesmo que tudo tenha sido feito corretamente na primeira vez.

Proliferação de cursos
Para o presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (Abor), Ronaldo da Veiga Jardim, grande parte dos problemas é decorrência da má formação profissional. Segundo ele, há uma proliferação de cursos de ortodontia, mas a maioria tem carga horária insuficiente e não oferece treinamento adequado. ``Nos Estados Unidos há atualmente 65 cursos de especialização em ortodontia, no Brasil são mais de 500, sendo que apenas 22 têm mais de 2.000 horas-aula``, compara.
A World Federation of Orthodontists recomenda 3.000 horas de curso. No Brasil, uma resolução do Ministério da Educação exige apenas 360 horas de aula para a especialização. ``Além de não ter a carga horária necessária, muitos dos cursos aqui não oferecem programa completo, e falta ainda o atendimento clínico necessário para o profissional adquirir os conhecimentos básicos``, afirma Faltin.
A preocupação com o aumento de problemas envolvendo tratamentos ortodônticos levou a Abor a promover uma campanha, com distribuição de panfletos em shoppings das principais capitais do país, alertando o público sobre o fato de o uso de aparelhos ir além da questão estética. Mais do que um sorriso bonito, o tratamento deve garantir boa mastigação e oclusão dos dentes e resultar em harmonia facial.
``O que nos motivou foi o excesso de tratamentos mal executados e de gente fazendo retratamentos. O tratamento errado pode provocar alterações musculares na face, perda de dentes e até dores de cabeça por sobrecarga nas articulações``, alerta Jardim.
O paciente pode consultar o Crosp (www.crosp.org.br) para conferir se o dentista é especialista em ortodontia ou ortopedia facial. É bom checar se ele participa de entidade de classe.


Fonte: IRENE RUBERTI - Folha de S.Paulo