Três mulheres morreram em Joaçaba após realizarem o exame
A morte de três mulheres que fizeram um exame de endoscopia em uma clínica particular de Joaçaba, em Santa Catarina, foi provocada por uso incorreto da lidocaína – substância usada para anestesiar o paciente. Essa foi a conclusão da investigação feita pela Vigilância Sanitária do Estado – que ouviu pacientes e acompanhantes das vítimas - e divulgada nesta quarta-feira (9).
De acordo com a diretora do órgão, Raquel Ribeiro Bittencourt, o médico gastroenterologista responsável pelo exame errou ao usar o medicamento em forma de gel, e não em spray, como determina a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
- A lidocaína gel foi usada de maneira fora da permitida. Ele dissolveu na água e mandou o paciente fazer um bochecho. Depois deu outro copinho e mandou o paciente engolir. Dependendo da quantidade, pode levar ao óbito.
A Vigilância Sanitária ouviu o médico, e afirma que ele confessou ter usado o medicamento em gel por ter acabado o spray. Segundo a diretora do órgão, pacientes que passaram pelo mesmo exame e foram medicados da maneira indicada pela Anvisa não apresentaram reação.
- O tempo que levou para [as vítimas] apresentarem os sintomas é compatível com o que a literatura diz sobre reações adversas.
Raquel afirma ainda que a clínica não tinha licença para realizar endoscopias. Entre as irregularidades apontadas pela Vigilância Sanitária, está a falta de uma sala de recuperação para onde os pacientes devem ser levados após o exame.
- Ele [médico responsável pela clínica] recebeu alvará apenas para consultório. Lá, só tinha um endoscópio, então ele não conseguia fazer o procedimento de desinfecção apropriado porque o intervalo entre um paciente e outro era muito curto. Além disso, não tinha uma enfermeira trabalhando com ele.
O médico afirmou ainda à Vigilância Sanitária que as pomadas vencidas que foram encontradas na clínica e apreendidas pela polícia não foram usadas nas pacientes.
Os laudos dos exames de necropsia das vítimas e a análises laboratoriais do medicamentos envolvidos no caso ainda não ficaram prontos.
Fonte: R7
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.