Musa fitness é mais uma famosa a usar o implante de hormônios que combate a TPM e, 'como efeito colateral', acelera o metabolismo e molda o corpo.
Após emagrecer 15 quilos, Petra Mattar resolveu dar uma turbinada no corpo. Depois de colocar implante de silicone nos seios, a musa fitness se tornou mais uma adepta do implante hormonal, mais conhecido como "chip fashion" ou "chip da beleza". Trata-se de um dispostivo da finura de um palito de dente recheado de hormônios. Ele é implantado no glúteo e é biodegradável. Dura seis meses. Nesse tempo, o hormônio é liberado na corrente sanguínea.
Petra resolveu implantar o chip para combater os efeitos da TPM. "Sofria muita enxaqueca e oscilação de humor. Desde que coloquei o chip, passou tudo. De quebra, meu corpo ficou seco e, em 45 dias, com dieta e malhação, minha barriga ganhou uma definição incrível", conta ela.
O médico responsável em implantar o chip na filha do ator Maurício Mattar é o mineiro Cláudio Ambrósio, pós-graduado em endocrinologia e metabolismo. Com consultório na cidade de Muriaé, no interior de Minas Gerais, o médico atende uma vez por mês no Rio, onde cuida de famosos. Atualmente, além de Petra, fazem parte de sua lista de pacientes os atores Paulo Vilhena, Marcio Kieling, Daniel Erthal e muitas musas de escolas de samba que exibirão seus corpos na avenida no carnaval 2017.
"O chip que preparei para a Petra não é contraceptivo. É exclusivamente para combater a TPM que tanto a incomodava. Ele é indicado para aliviar sintomas como irritabilidade, cólica, inchaço, dores de cabeça, enxaqueca e oscilação do humor. Também pode ser usado para outros problemas femininos como a menopausa, assim como para a reposição hormonal masculina (andropausa)", explica.
"Apesar dele ser indicado para tratamentos médicos, ele também dá um efeito 'colateral' do qual muitas mulheres acabam se beneficiando. Como, por exemplo, definição corporal, melhora da celulite, flacidez. Em algumas, também pode acontecer benefícios na pele e cabelo", completa Cláudio Ambrósio.
Implante parcelado no cartão
O médico cobra cerca de R$ 3 mil para criar e implantar o chip, "podendo ser parcelado em até seis vezes no cartão de crédito", avisa ele. Cada chip é personalizado de acordo com as necessidades do paciente. No caso de Petra, como ela queria combater a TPM, Ambrósio descartou a necessidade de realizar exames em sua cliente.
"Não fiz nenhum. Só sei que fiquei curada de tudo o que sentia no período pré-menstrual e ainda ganhei músculos mais definidos", diz ela, que, há cinco meses, é adepta do Cross Fit na academia Gladius, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Método é visto com ressalvas
Apesar do sucesso do chip fitness, o método é visto com ressalvas pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Segundo o presidente da entidade, Alexandre Hohl, a mistura de hormônios em sua fórmula é questionável.
“A utilização de implantes hormonais existe em vários países. Entretanto, no Brasil, temos uma proliferação de mistura de diferentes hormônios, em diferentes doses, que estão sendo utilizados em implantes chamados de ‘chips hormonais’. A maioria dessas formulações não foram testadas em estudos que pudessem comprovar eficiência e/ou descrever efeitos colaterais", diz ele.
"Temos um problema ainda maior, que é a utilização desses implantes ou chips hormonais em pessoas que não têm deficiência hormonal, sendo utilizados puramente para fins estéticos. Recentemente, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia se posicionou a respeito desse assunto, e não existe indicação de utilização de hormônios em pessoas que não tenham deficiências hormonais", completa Hohl.
E ele não para por aí... "Dessa forma, fica o alerta para a população de que, não havendo deficiência hormonal, não devem ser utilizados hormônios de qualquer forma. Isso inclui os chips hormonais. A utilização de hormônios está indicada em situações em que ocorra deficiência hormonal. Isso pode acontecer em doenças como o hipotireoidismo, onde falta o hormônio da tireoide; e no diabetes mellitus tipo 1, onde falta um hormônio chamado insulina, por exemplo", cita.
"Pode ocorrer também em uma situação fisiológica na mulher, a menopausa. Hoje, existe uma indicação bem determinada para a mulher fazer terapia de reposição hormonal da menopausa. Para mulheres que tenham sintomas, e não tenham contraindicação, este tipo de tratamento está indicado. No Brasil, essa reposição existe na forma de comprimido, gel, e adesivo", encerra.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.