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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Erros laboratoriais podem chegar a 70% na fase pré-analítica

Há muitos dos processos que ainda são manuais demandando muita atenção do ser humano

Os laboratórios tem se dedicado cada vez mais em garantir a segurança dos processos analíticos, seja através do aprimoramento dos profissionais, equipamentos com desempenhos cada vez mais estáveis, assim como sistemáticas de controle da qualidade bem implementadas. No entanto, se acompanharmos a literatura existente que aborda os erros em medicina laboratorial, sem dúvida o maior impacto é proveniente da fase pré-analítica.

Apesar dos esforços, ainda hoje observamos índices que, nesta fase do processo, podem chegar a 70% dos erros laboratoriais. Atualmente há laboratórios que já utilizam automação que permita identificar amostras dos pacientes, separar e identificar alíquotas, minimizando os erros de aliquotagem e reetiquetagem, porém não é a realidade da maioria dos laboratórios.

Há muitos destes processos que ainda são manuais demandando muita atenção do ser humano por ser uma etapa bastante crítica.

O uso da automação não exclui os cuidados que os laboratórios devem ter com a segurança do paciente. Para obtenção de uma amostra correta, que não interfira no resultado da análise e que possa gerar resultados confiáveis, precisamos dar especial atenção ao preparo do paciente, correta identificação do paciente e das amostras no laboratório clínico, assim como o transporte.

As boas práticas na fase pré-analítica consistem na padronização dos procedimentos envolvidos nesta fase. Tudo se inicia com o preparo adequado do paciente, fornecendo-lhe informações necessárias, em linguagem simples, preferencialmente por escrito, além da orientação verbal, garantindo que sejam de fácil entendimento. Há necessidade de se garantir que o paciente cumpriu as orientações. Como premissa de garantia da segurança do paciente, é importante fazer uma dupla identificação do paciente, seja pelo nome e data de nascimento, por exemplo, e, no caso de pacientes internados, nome na pulseira de identificação e prontuário, por exemplo.

A identificação dos tubos de coleta por meio de etiquetas com código de barras reduziu massivamente os erros de transcrição de informações. Porém, considera-se ainda relevante que o paciente, no momento da coleta, verifique a identificação dos tubos com o seu nome. O laboratório deve garantir a rastreabilidade das informações em todos os processos, portanto devem-se ter cuidados intensivos quando da necessidade de aliquotagem de amostras.

Junte-se a isto as mudanças que têm ocorrido no mercado de laboratórios clínicos, com formação de grandes redes de laboratórios de apoio, sob um grande desafio: transportar amostras, em todo o território nacional, garantindo a estabilidade e segurança destas desde a origem até a chegada na fase analítica.

O treinamento adequado e permanente dos profissionais que executam as diversas subfases da fase pré-analítica minimiza ou elimina erros potenciais.

Na fase de coleta de material biológico, podemos observar que muitos pacientes tem grande pavor em coletar exames que envolvam a punção venosa. Acolher o cliente com uma abordagem adequada facilita todo o processo, e reduz o estresse do mesmo no momento da coleta, com consequente menor interferência na qualidade da amostra.

O profissional responsável pela coleta deve-se atentar a postura do cliente, ao tempo de garroteamento e a ordem correta dos tubos no sistema à vácuo. O garroteamento prolongado é responsável por resultados falsos positivos de eletrólitos, entre eles cálcio e potássio, além de aumentar a probabildiade de amostras hemolisadas e inadequadas para análise.

Ressaltamos, finalmente, que a inserção de indicadores em todos os processos da fase pré-analítica auxilia a gestão a abordar os pontos principais que geram erros, analisando as causas e propondo ações corretivas ou preventivas. Alguns indicadores sugeridos para esta fase são: erros de cadastro, porcentagem de recoletas, número de punções por coleta e porcentagem de amostras hemolisadas.

*Claudia Meira – Consultora de Processos e Qualidade da Formato Clínico; Cristina Khawali – Consultora de Atendimento ao Cliente e Pré-analítico da Formato Clínico

Fonte: Saúde Web