Cinco técnicos de radiologia foram ouvidos pela Polícia nesta quarta.
Três pacientes morreram em Campinas após passar pelo exame.
O advogado de defesa da empresa de radiologia que prestava serviço no hospital de Campinas (SP), onde três pacientes morreram após passar por exame de ressonância, afirmou que os equipamentos usados nos três exames não apresentam nenhum problema técnico. De acordo com o defensor Claudio Ortiz, as máquinas estão em dia com a manutenção e não apresentaram qualquer alteração nos exames feitos no mesmo dia das mortes.
“O aparelho é verificado, checado com o fornecedor, tudo absolutamente normal. Foram feitos 83 exames neste dia sem nenhuma intercorrência. O setor existe há 20 anos, com mais de 150 mil exames feitos e nunca tinha acontecido”, disse.
O advogado acompanhou os cinco funcionários que prestaram depoimento na tarde desta quarta-feira (30) no 1º Distrito Policial, onde o caso é investigado. Segundo Ortiz, o delegado buscou neste primeiro interrogatório entender a dinâmica e a rotina dos profissionais para identificar eventuais problemas nos procedimentos.
“O que se busca agora é entender o funcionamento. O delegado e o escrivão tem dificuldade de entender o setor, por ser uma área muito técnica”, informou na saída dos depoimentos. O advogado de defesa do hospital, Ralph Tortima, também acompanhou as oitivas, mas não falou com a imprensa na saída da delegacia.
A Polícia Civil já ouviu, na terça-feira, outros dois funcionários do Hospital Vera Cruz, uma médica e uma enfermeira. O conteúdo de todos os depoimentos, entretanto, não foi divulgado. Os delegados do caso informaram que as informações policiais só serão passadas na próxima sexta-feira, em coletiva concedida á imprensa.
Investigação
A Secretaria Municipal de Saúde informou que trabalha com duas principais linhas de investigação. "É uma investigação complexa. Mas, temos duas linhas principais de investigação, uma é a chamada microbiológica, que isso é uma contaminação por bactéria, fungo ou eventualmente outro microorganismo", explica o secretário municipal de Saúde, Carmino Souza.
A segunda linha é toxicológica, o que siginifica que algum produto químico ou metal pesado possa ter contaminado os produtos que foram usados. "É claro que os contrastes e os soros que foram infundidos nos pacientes são o alvo principal da investigação", completa.
O caso
Três pessoas morreram entre a tarde e a noite de segunda-feira após realizarem exames de ressonância magnética no hospital particular Vera Cruz, em Campinas. A Vigilância em Saúde interditou o setor responsável pelo procedimento da unidade de saúde por tempo indeterminado e pretende investigar se o contraste, composto químico utilizado no exame, tem relação com as mortes.
Segundo o corpo clínico do hospital, dois homens, de 36 e 39 anos, e uma mulher, de 25 anos morreram após uma parada cardiorrespiratória. Dois começaram a passar mal minutos depois do exame e um paciente chegou a deixar a unidade médica, mas retornou a unidade após sentir dores. No mesmo dia, segundo a assessoria do Hospital Vera Cruz, foram realizados outros 83 exames de ressonância, sendo que o contraste foi aplicado em 30 avaliações. Nestes casos não foram encontradas reações adversas.
As vítimas tinham situações clínicas diferentes e não foram diagnósticados com doenças em estágio avançado, segundo o diretor administrativo do Vera Cruz, Gustavo Carvalho. No entanto, ele afirmou que as causas ainda são desconhecidas e que aguarda o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
Após a constatação das mortes, a direção do hospital acionou a polícia. As salas e os materiais utilizados durante os procedimentos foram lacrados, de acordo com a direção da unidade. O caso foi registrado no 1° Distrito Policial da cidade. De acordo com a assessoria de imprensa, após a comunicação das mortes feita pelo hospital à Vigilância em Saúde, foi solicitada o envio de técnicos para a área de diagnósticos e também o Centro de Vigilância do Estado foi notificado.
De acordo com a direção do hospital, são realizados 2 mil exames por mês e nenhum registro de ocorrências deste tipo foi registrado na unidade. O hospital também informou que está colaborando com os órgãos competentes.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.