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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cade recomenda punição a conselhos e sindicatos médicos

Atuações são consideradas prática de crime econômico

BRASÍLIA - A atuação de 24 sindicatos, associações e conselhos de medicina durante a paralisação do atendimento a pacientes de planos de saúde nos dois últimos anos deve ser considerada como prática de crime econômico, sugere a superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Publicados nesta semana, nove pareceres recomendam que as entidades sejam julgadas e condenadas pelo tribunal administrativo do conselho.

As decisões reavivam uma polêmica iniciada há dois anos, quando a então Secretaria de Direito Econômico (SDE) adotou medidas preventivas para proteção da concorrência e dos direitos do consumidor da saúde suplementar. A secretaria classificava como abusivas práticas como a cobrança ``por fora`` de consultas de pacientes de planos de saúde e punições de médicos que resistiam em participar das paralisações organizadas pelos conselhos como forma de protesto contra as operadoras.

O assunto ficou em compasso de espera durante o ano passado, quando Cade e representantes das entidades médicas tentavam preparar um termo de ajuste. Não houve entendimento e, agora, os processos no Cade devem ganhar ritmo. Pareceres com teores semelhantes, avaliando a atuação de outras entidades médicas, estão em análise e devem ir a julgamento.

Desde 2011, associações médicas passaram a apoiar a suspensão temporária de atendimento a pacientes de planos de saúde. A estratégia começou a ser usada para pressionar operadoras a aumentar o valor pago por procedimentos médicos.

``Não se trata de condenação à negociação salarial``, afirmou o superintendente do Cade, Carlos Ragazzo. ``Os pareceres têm outro fundamento: a adoção de práticas abusivas, como a coação de médicos para participar dos movimentos e a restrição do acesso da população ao atendimento``, completou.

Entre as práticas analisadas pelo Cade, estavam ameaças a médicos que aceitassem receber valores inferiores aos indicados em uma tabela de procedimentos. ``Profissionais poderiam ser julgados por infrações éticas. Até um disque-denúncia foi criado.`` Ragazzo condenou também a restrição do atendimento a pacientes e as ameaças de descredenciamento em grupos.

Autonomia. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto d’Avila, médicos de planos de saúde têm o direito de reivindicar reajuste de honorários e autonomia para o exercício da profissão.

``O Cade afirma haver cartelização, mas isso é um erro. Somos profissionais liberais e a tabela de preços apenas indica valores considerados razoáveis``, afirma. Para ele, o Cade comete um equívoco: ``Na prática, eles dão ouvidos ao que as operadoras de planos de saúde afirmam. Elas não são a parte mais frágil da negociação.``

O médico acredita que outros pareceres contrários devem estar a caminho. Mas não demonstrou preocupação. ``Se condenações do Cade se concretizarem, recorremos ao Judiciário, que, por sinal, já se mostrou sensível a nossa causa``, disse d’Avila.

Ragazzo tem avaliação contrária. Ele afirma que uma parcela significativa das decisões do Cade é respeitada pelo Judiciário. ``Estamos defendendo o direito do consumidor. Essa é nossa maior preocupação. Ele tem direito de ter acesso ao atendimento em saúde.``

Entre as associações que receberam parecer da superintendência do Cade favorável à condenação por prática de crime econômico estão Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, Conselho Regional de Medicina do Rio, Conselho Regional de Medicina do Ceará e sindicatos de médicos dos Estados de Minas e Ceará.

Fonte: Lígia Formenti, de O Estado de S.Paulo