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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Incoerências

*Por Isac Jorge Filho

O governo resolveu fazer uma “blitz” contra a medicina e os médicos brasileiros. Por trás disso há um tudo, que não vale nada. Algumas determinações são tão absurdas que se Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto) ainda fosse vivo teria colocado o conjunto como fazendo parte do “perigo terreno da galhofa”.

Uma delas, sob o pretexto de fixar médicos em pequenas cidades, oferecia, ao fim de dois anos de “estágio” 20% de vantagens nas notas dos exames feitos para médico-residentes. Parece piada: você diz que quer fixar médicos em pequenas cidades e acena com um “prêmio” para eles saírem para fazer residência em Centros maiores.

A análise fica pior quando você a aprofunda: nos dois anos iniciais os médicos oferecem sua experiência aos pobres das cidadezinhas, ou seja, experiência nenhuma, e quando acumulam experiência, às custas do sacrifício dos pacientes, vão fazer residência e levam a experiência para os centros maiores. É o Robin Hood ao inverso.

As incoerências não param por ai. Ontem tivemos uma reunião no Centro Médico, quando um colega relatou sua experiência quando, de uma penada, a carreira de sanitarista foi extinta. Desempregado, foi para uma pequena cidade do sertão (vamos chamar de Santa Cruz do Deus me livre).

Ao longo dos meses notou que o cemitério da cidade, que estava quase vazio quando chegou, passou a ser ocupado de forma relevante. Antes que alguém o criticasse explicou que o que ocorreu foi que os doentes graves das redondezas ao tomar conhecimento da chegada de um médico passaram a procurá-lo.

Acontece que ele é um médico e não um mágico e para trabalhar com o nível de eficiência necessário precisava de uma infraestrutura que assegurasse uma equipe de saúde e equipamentos que permitissem exames complementares. Como estava sozinho era de se esperar que os resultados fossem ruins, como de fato foram.

Passemos para a proposta atual: a incoerência governamental não fala em equipes de saúde, mas centra todos os problemas na insuficiência no número de médicos. Incoerentemente não fala em qualidade e não quer nem saber de avaliar os médicos estrangeiros que pretendem contratar. O que importa? Desde que não seja para tratar riscos, parentes, amigos e correligionários “meio” médico basta.

Não importa se não entendem sua língua e se não conseguem se aprovado em exames básicos de conhecimentos, habilidades e atitudes.

Fonte: CFM