De acordo com as estatísticas, uma em cada 10 mil pessoas que fazem o teste morrem
Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada nesta quinta-feira (26), no Diário Oficial determina que o exame ergométrico, usado para avaliar a resposta do organismo a exercícios e identificar problemas cardíacos, terá de ser presenciado, durante todo o tempo, por médicos.
``Os exames perderam em muito a qualidade e, pior, os acidentes durante sua realização estão aumentando``, afirma o diretor científico do Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Nabil Ghorayeb. Ele diz que o fenômeno que ocorre com os testes ergométricos é semelhante ao identificado há alguns anos com as anestesias: um médico era responsável por acompanhar, simultaneamente, três ou quatro pacientes. ``Se dois passam mal ao mesmo momento, quem ele vai socorrer?``, diz.
Primeiro passo para a prescrição de exercícios físicos, o teste ergométrico tem de ser precedido por uma consulta médica. ``De certa forma, o exame expõe o paciente a riscos. O médico tem de estar lá, para saber o limite de esforço a que ele pode submeter o paciente``, afirma Gorayeb. Muitas vezes, esse limite não é atingido ou é perigosamente ultrapassado.
Mortes
De acordo com as estatísticas, uma em cada 10 mil pessoas que fazem o teste morrem. ``É um evento raro, mas que tem de ser considerado``, defende o médico. Quando o exame é mal feito, há maior risco de o resultado não identificar uma eventual contraindicação para o exercício físico.
Os protocolos, diferenciados de acordo com a idade, também muitas vezes são colocados de lado. ``Não é incomum usarem o exame padrão tanto para jovens como para adultos e idosos. ``Com isso, pessoas de idade avançada muitas vezes fazem o teste em velocidade acima da que seria ideal. Não são raras torções``, completa.
A tática de usar um médico para vários pacientes foi ampliada nos últimos anos pelas clínicas, como uma estratégia para driblar o preço pago pelos convênios pelo teste. Em média, o repasse é de R$ 60. ``Para dar maior lucratividade, as empresas encurtam o tempo de cada teste, reduzem o número de médicos``, explica Gorayeb. O ideal seria fazer dois exames por hora, mas muitas clínicas fazem quatro.
Além de eventuais problemas durante a realização do exame, médicos muitas vezes ``encurtam`` o período em que o paciente teria de permanecer sob observação, depois da realização do teste. ``Muitas vezes, os problemas são identificados neste momento``, diz o diretor. Pelo protocolo, é preciso esperar seis minutos. Profissionais, muitas vezes, esperam dois.
``Economizando quatro minutos por paciente, em pouco tempo você já consegue encaixar mais um exame``, ressalta. A resolução diz ainda que o médico que deve acompanhar o teste precisa ter um treinamento específico.
Fonte: As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.