Médicos belgas alegam que o custo da fertilização in vitro pode diminuir drasticamente e chegar a cerca de 170 libras (cerca de R$ 570), iniciando uma "nova era" nesse tipo de tratamento.
A nova técnica substitui o caro equipamento médico tradicional por ingredientes encontrados no "armário da cozinha".
Os dados, apresentados em uma conferência de fertilidade em Londres, sugerem que a taxa de sucesso é semelhante à do tratamento de fertilização in vitro convencional.
Especialistas acreditam que o estudo cria um grande potencial para introduzir fertilização in vitro em países em desenvolvimento.
Técnica mais barata
Tratamentos de fertilidade são caros. No Reino Unido, cada ciclo pode custar em torno de 5 mil libras (cerca de R$ 16,8 mil).
Clínicas de fertilização necessitam de um bom estoque de gás de dióxido de carbono para controlar níveis de acidez e poder desenvolver os embriões. Esse estoque é obtido com o uso de incubadores de dióxido de carbono, gases medicinais e purificação de ar.
Em vez disso, a equipe do Genk Institute for Fertility Technology na Bélgica obtém dióxido de carbono a partir da mistura de ácido cítrico e bicarbonato de sódio.
O pesquisador Willem Ombelet disse: "Nós conseguimos o resultado usando uma técnica muito parecida com o Alka-Selzer. Nossos primeiros resultados sugerem que esse processo é no mínimo tão bom quanto a fertilização in vitro normal. Doze bebês saudáveis já nasceram desse processo."
Os resultados, apresentados na conferência da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, mostraram uma taxa de 30% de gravidezes - aproximadamente a mesma que a da fertilização in vitro tradicional.
Os pesquisadores acreditam que o custo da fertilização in vitro pode ser reduzido para 10-15% do custo atual do tratamento nos países ocidentais.
Fertilização in vitro para todos
A técnica não pode substituir completamente a fertilização in vitro tradicional.
O tratamento não ajudaria os casos em que o homem sofre de infertilidade grave, que necessitam de um tratamento mais avançado em que apenas um único espermatozoide é injetado no óvulo - na chamada injeção intracitoplasmática de espermatozoides.
No entanto, Ombelet disse à BBC que o objetivo era levar o tratamento de fertilidade para o resto do mundo.
"Se você não tem um filho na África, ou, até mesmo na América do Sul ou na Ásia, é um desastre. É um desastre do ponto de vista econômico, e do ponto de vista psicológico. Você é jogado para fora da família. Você precisa ajudá-los e ninguém os ajuda," disse Ombelet.
Mesmo nos países ricos, muitos casais não conseguem pagar pela fertilização in vitro, e por isso os estudos estão atraindo interesse.
"Já temos demanda vindo dos Estados Unidos," acrescentou Ombelet.
Geeta Nargund, do Hospital St George, em Londres, planeja introduzir a técnica no Reino Unido. "Temos a obrigação de reduzir o custo da fertilização in vitro, caso contrário, teremos uma situação em que só os ricos podem ter acesso."
Stuart Lavery, diretor de fertilização in vitro no Hospital Hammersmith, em Londres, disse que o estudo pode ter um grande impacto no mundo todo.
"Estamos falando em levar a fertilização in vitro para países onde o sistema de saúde é deficiente, e esse tipo de tratamento é inexistente."
"Eles (os pesquisadores belgas) mostram que usando uma técnica muito barata, e simples, você pode cultivar embriões e fazer a fertilização in vitro."
"O ponto fraco do estudo é que eles fizeram isso em um grande laboratório na Bélgica, e agora eles precisam sair e fazer o mesmo estudo na África. Se isso acontecer, estamos falando do acesso a fertilização in vitro em lugares do mundo onde não existe esse tipo de tratamento. Isso pode gerar resultados incríveis," conclui Lavery.
Os pesquisadores antecipam começar em Gana, Uganda ou na Cidade do Cabo.
Fonte: UOL/BBC Brasil
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.