Não existem dados oficiais sobre infecções nos hospitais do Piauí.
Associação de Biossegurança, diz que no país o índice varia de 14 à 19%.
Pela lei todos os hospitais devem ter uma comissão de controle de infecção hospitalar, que na prática nem sempre funciona. A ausência de uma fiscalização mais eficiente pode causar prejuízos a pacientes debilitados, em alguns casos pode levar até a morte.
Segundo Cleiton Sousa, técnico em segurança do trabalho, há pouco mais de dois meses ele perdeu o pai que morreu em um hospital particular depois de ter sido internado para fazer uma cirurgia de ponte de safena. A família diz que o paciente morreu de contrair uma bactéria dentro do hospital. “Os médicos disseram que seria uma operação simples, só que ninguém esperava por essa bactéria que aconteceu dentro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, disse.
Cleiton falou ainda que alguns profissionais da saúde trabalharam mesmo doente próximo aos leitos de UTI´s. “Uma vez eu vi alguns enfermeiros trabalhando gripados entregando os materiais de higiene para termos acesso ao leito bem perto do meu pai”, contou.
São cada vez mais frequentes as denuncias de pacientes que contraíram infecção hospitalar durante a internação. Sem ser identificada, uma enfermeira de uma maternidade pública de Teresina confirma que nas UTI´s neonatais da unidade onde ela trabalha existem casos de bebês que foram infectados. “O índice de infecção lá dentro está muito grande. A gente tem vários bebês que estão com isolamento de contato, que estão com bactérias e o estado de saúde deles é grave”, denunciou.
A enfermeira relata que faltam funcionários para cuidar dos recém-nascidos. “A pessoas que cuida de um bebê na sala de isolamento, é a mesma que cuida de vários outros que não estão contaminados”, finalizou.
Não existem dados oficiais sobre infecções nos hospitais do Piauí. Segundo a Associação Nacional de Biosegurança, os índices no país variam entre 14 e 19%. No estado os números seriam parecidos, mas de acordo com a Organização Mundial de Saúde o índice aceitável deve ficar abaixo de 10%.
Para Lucimar Alves, gerente de controle estadual de saúde, no Brasil existe uma lei federal que obriga todos os hospitais a formarem uma comissão de controle de infecção hospitalar, só que as comissões acabam não funcionando como deveriam e em alguns hospitais elas nem saem do papel. “Na questão da comissão no papel todos tem, porém atuante nem todos estão funcionando” relatou.
José Raulino Neto, coordenador de defesa da saúde do Ministério Público Estadual, afirma que muitos casos não são denunciados. “Muitos falam que existe infecção, mas não chegam ao conhecimento do Ministério Público. Temos que ser provocados e se for um procedimento criminal ini9cia-se a apuração lá mesmo e depois é encaminhado a coordenadoria de promotorias criminais”, afirmou.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.