Governo vai testar alunos para `calibrar` exame que valida diploma do exterior
Diante de altas taxas de reprovação do exame federal para revalidar os diplomas de medicina obtidos no exterior, o governo decidiu aplicar a prova para alunos de medicina de faculdades brasileiras.
A intenção é constatar se são verdadeiras as críticas de que a prova tem um nível de exigência muito alto e, eventualmente, ``calibrar`` o exame do próximo ano.
Oficializada em 2011, a prova, chamada de Revalida, nunca teve suas questões pré-testadas, ao contrário de outros exames aplicados pelo Inep (órgão do Ministério da Educação), como o Enem.
No mês passado, integrantes do MEC fizeram reunião com coordenadores de cursos de medicina para apresentar a iniciativa e receberam resposta positiva de algumas instituições.
O objetivo é dispor de uma amostra representativa, de cerca de 4.000 alunos do 6º ano de medicina de todo o país, de instituições públicas e privadas. Isso equivale a quase 26% dos concluintes da graduação, pelo último Censo da Educação Superior.
A prova será aplicada aos formandos no mesmo dia e local em que os candidatos ``verdadeiros`` farão o Revalida, em 25 de agosto. O edital de inscrição na prova será publicado na próxima semana.
O desempenho dos alunos nacionais na prova não terá qualquer repercussão sobre a conclusão do curso nem será divulgado para as escolas de medicina, mas poderá ser solicitado pelo candidato.
Em 2012, dos 884 candidatos que fizeram o exame, só 8,7% foram aprovados. Grande parte dos diplomas tem como origem a Bolívia (411) e mais da metade dos inscritos (560) são brasileiros.
O exame é dividido em duas fases: uma prova teórica, com questões objetivas e discursivas, e outra de avaliação de habilidades clínicas.
O pré-teste que será aplicado neste ano só se refere à primeira fase, que concentra as grandes taxas de reprovação.
A eventual ``calibragem`` do exame vem sendo aventada pelo governo nos últimos meses e provoca uma nova faísca no relacionamento com a comunidade médica, que argumenta não haver carência de profissionais no Brasil, e sim má distribuição no território nacional.
Entidades médicas protestaram recentemente, por exemplo, devido ao programa do governo federal para atrair médicos estrangeiros ao interior e periferias e ao plano de obrigar estudantes de medicina a atuar no SUS.
Para o vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Carlos Vital, o exame ``não é complexo``.
``O conteúdo que hoje é aplicado é absolutamente coerente com a avaliação de capacidade. Está se fazendo isso sem motivação``, disse.
``Infelizmente, temos sido surpreendidos com medidas casuísticas e fisiológicas por parte do governo brasileiro.``
Hoje não existe um exame nacional para os estudantes de medicina do Brasil. Em São Paulo, há uma prova do Cremesp (conselho regional) --que teve 45,5% de aprovados no ano passado.
Fonte: Folha de S.Paulo / FLÁVIA FOREQUE, JOHANNA NUBLAT, DE BRASÍLIA
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.