O advogado do paciente disse durante o julgamento que Desperito não verificou os prontuários feitos depois da cirurgia
Um tribunal do Estado americano de Delaware inocentou nesta quarta-feira um médico acusado de negligência em uma cirurgia realizada em dezembro de 2009, quando implantou uma prótese peniana no caminhoneiro Daniel Metzgar, de 44 anos, resultando numa ereção de oito meses.
Metzgar diz que o médico só realizou uma consulta de acompanhamento pós-cirúrgico dois meses depois do procedimento, o que agravou ainda mais a situação.
Em abril de 2010, quatro meses depois de implantar a prótese,o paciente decidiu procurar um hospital para realizar exames por sentir inchaço e desconforto na região genital.
O implante acabou sendo removido em agosto de 2010 quando um tubo do dispositivo atravessou seu saco escrotal e saiu para fora da pele. Um outro médico implantou nele então uma outra prótese.
Complicações
Metzgar diz optado pelo implante após anos de luta contra a impotência causada pelo diabetes.
O implante contava com três peças: cilindros infláveis dentro do corpo do pênis, um depósito de líquidos debaixo da parede abdominal e uma bomba dentro do saco escrotal.
Durante o julgamento, os jurados ouviram o testemunho de Metzgar sobre seu trauma e como teve que lidar com piadas da família e dos amigos, além de olhares, insultos e ameaças de desconhecidos.
``Eu nem podia sair para dançar. Não é algo que você queira mostrar para seus amigos, em festas`` conta.
O advogado do paciente disse durante o julgamento que Desperito não verificou os prontuários feitos depois da cirurgia que mostraram que seu pênis estava inchado logo após a cirurgia.
Mas o advogado do médico disse que os prontuáros foram feitos por funcionários do hospital que não eram familiarizadas com implantes penianos, e que Desperito e outros médicos que trabalham com ele, que conheciam esse tipo de implante, tinham certeza de que o pênis não ficou ereto depois da cirurgia.
Além disso, em defesa do médico, o advogado disse que é estranho que uma pessoa que tem seu saco escrotal inchado ``como uma bola de futebol``, como descreveu o próprio Metzgar, não tenha procurado a clínica por dois meses.
Fonte: UOL / BBC Brasil
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.