A coordenadora de enfermagem da Santa Casa, Lúcia Helena Rosa Santos, confirmou o erro da funcionária
Uma mulher de 80 anos morreu na Santa Casa de Misericórdia São Vicente de Paula de Campo Belo, interior de Minas Gerais, vítima do erro de uma técnica de enfermagem, que aplicou glicerina na veia da paciente. Vicentina Martins Leal deu entrada no pronto-atendimento da cidade dia 15 de setembro, com problemas intestinais, e foi transferida para a Santa Casa no dia seguinte. A Polícia Civil da cidade já abriu um inquérito para investigar o caso.
De acordo com o filho da vítima, o publicitário Itamar dos Reis Leal, a mãe ficou sob cuidados médicos na enfermaria, acompanhada de outro filho. No dia 20 de setembro, por volta de 11h, o acompanhante notou que havia sido incluído um frasco diferente no lugar do soro aplicado em Vicentina. O filho pensou que fosse uma vitamina, porque a mãe estava muito debilitada.
Por volta das 14h30, Itamar foi chamado ao hospital pelo irmão, após receber a informação de que a mãe havia sido transferida em caráter de urgência para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ao chegar à Santa Casa, o publicitário ficou surpreso com a grande movimentação de enfermeiros, médicos e diretores do hospital no quarto onde estava a mãe. “Fui procurado pelo médico da UTI informando que minha mãe teve parada cardiorrespiratória e que estavam tentando reverter o quadro. Pediram para eu ficar no local para falar de um assunto comigo”.
Segundo Itamar, por volta de 16h30, a equipe saiu do quarto e informou que Vicentina havia morrido. “Pedi para ver o corpo, ela estava entubada na maca e me despedi. Nesse momento, o médico informou que a minha mãe havia morrido pelo erro de uma técnica de enfermagem, que havia administrado um medicamento indevido. Ele disse ainda que a funcionária estava afastada e iriam investigar o caso”, conta o publicitário.
Dois dias após a morte, a família procurou a delegacia local e registrou um boletim de ocorrência. De acordo com Itamar, na última segunda-feira, o hospital repassou todos os documentos sobre o caso, com relatório de prontuário, onde está descrito o procedimento da técnica de enfermagem.
Segundo o filho, a solução de glicerina a 12% administrada na veia deveria ter sido aplicada por uma sonda retal para ajudar no procedimento de lavagem intestinal. A coordenadora de enfermagem da Santa Casa, Lúcia Helena Rosa Santos, confirmou o erro da funcionária e disse que ela foi afastada imediatamente. Segundo Lúcia Helena, a profissional tem cerca de dois anos de experiência e nunca teve problemas. Conforme a coordenadora, não foram omitidas informações para a família, que recebeu todos os dados no prontuário. “Infelizmente o medicamento foi junto com o soro. Esse caso deixou todo mundo muito triste aqui”, relata.
Um inquérito policial foi aberto para investigar o caso. O delegado Edson de Senna aguarda o resultado da necropsia e já solicitou todo o prontuário do atendimento do hospital. Após a chegada dos documentos, as testemunhas serão convocadas para prestar depoimento.
O em.com.br tentou contato com o diretor do hospital, mas foi informado que ele estava viajando e não poderia conversar sobre o assunto nesta quarta-feira.
Erros em hospitais
“Foi um erro grosseiro, aí você vê o despreparo do pessoal de enfermagem. Quero questionar como esses profissionais estão saindo das escolas”, desabafa Itamar. A família ainda não decidiu se vai entrar na Justiça contra o hospital. A indignação do filho de Vicentina se junta ao de outras famílias. Minas Gerais registrou neste ano casos graves de erros em hospital. Em abril, o menino Alan Breno, de 2 anos, ingeriu ácido em vez de sedativo e o bebê Davi Emanuel de Souza Lopes, de 4 meses, recebeu alimentação à base de leite na veia. Os dois casos aconteceram em Belo Horizonte.
Dados do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren/MG) mostram que as denúncias de má conduta de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem estão aumentando. Em 2010, foram 127 denúncias, contra 153 do ano passado, um aumento de 20,4%. O Coren ainda está levantando os dados de 2012.
Fonte: Diário de Pernambuco
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.