Um bebê é exibido diante da câmera segundos depois do nascimento. Em uma sala no mesmo andar, familiares se emocionam em frente à tela de 52 polegadas e, para comemorar, abrem uma garrafa de espumante.
Cenas como essas se repetem diariamente numa maternidade em Niterói, na região metropolitana do Rio, que abriu o "cine parto" há cerca de um ano.
Lá, parentes e amigos das gestantes assistem ao vivo à chegada da criança num auditório com capacidade para 20 pessoas sentadas.
Por R$ 200, eles alugam o espaço e acompanham pela televisão o trabalho da equipe médica na sala de parto da maternidade São Francisco, localizada em uma área nobre do município (a 13 km do Rio). As imagens são captadas por uma câmera instalada no alto do centro cirúrgico. Já a gestante pode ver a festa da família por uma outra televisão colocada próxima aos médicos.
"Achei muito interessante. Nos trouxe uma alegria ainda maior. As imagens nos tiram aquela expectativa, além de dar a emoção de estarmos juntos", afirmou Maria Célia Tostes Picanço, 58.
Na última terça, ela e 23 parentes e amigos assistiram na sala do "cine parto" ao nascimento de seu neto Matheus.
"O objetivo nosso foi unir a família e acalmar os ânimos", disse Jair Albuquerque, dono da clínica.
"Já trabalho há muito anos nessa área e sei que toda a família fica ansiosa numa hora dessas. Alguns querem entrar no centro cirúrgico. Com o 'cine parto', fica tudo mais tranquilo", explicou. A maternidade diz que é a única no país a oferecer o serviço.
As imagens do parto não são inteiramente transmitidas para os familiares. Eles só acompanham em tempo real o que acontece na sala de cirurgia após o corte ter sido feito na barriga da gestante.
Depois disso, a médica, que atua como diretora, libera o sinal para o auditório. Mesmo assim, o espectador tem a visão bem limitada por causa da distância da câmera, que é posicionada atrás do médico.
"Não entramos no campo cirúrgico. Além de respeitar o profissional, que está trabalhando, preservamos também os familiares. Eles não veem o bisturi, o corte, sangue. A intenção é mostrar apenas o nascimento da criança", conta Albuquerque.
O dono da maternidade disse que inicialmente enfrentou a resistência dos médicos, mas que atualmente os cerca de cem profissionais que trabalham na clínica aderiram ao serviço.
A obstetra Elizabeth Irene Alves era uma das que resistiu ao "cine parto". "Estranhei no início, mas essa inovação deixa todos mais relaxados na família e não nos atrapalha", disse a médica após realizar mais uma sessão em frente à câmera.
Fonte: Folha Online
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.