Minha foto
Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Família acusa hospital em Niterói de negligência por morte de jovem

Vítima, de 14 anos, teve duas paradas cardíacas após cirurgia

RIO - Incrédulos e abalados, os pais de Anna Carolina Veiga Martins, de 14 anos, buscam uma explicação plausível para a tragédia que se abateu sobre a família no último dia 21, quando a adolescente, filha única, foi declarada morta, após passar 16 horas no CTI do Hospital Icaraí, em Niterói. Anna Carolina, que sonhava ser médica, dera entrada na unidade dois dias antes para uma cirurgia eletiva, de retirada de um cisto do ovário, descoberto um ano atrás. A família acusa o hospital de negligência.

Segundo a mãe da menina, Patrícia Martins, quando a família chegou ao hospital para a cirurgia, na manhã do dia 19, o quadro era de tranquilidade:

— Minha filha chegou andando e feliz. Afinal, nem haveria corte, apenas três pequenos furinhos. A indicação era de uma cirurgia de apenas 30 minutos.

Anna entrou no centro cirúrgico às 17h e voltou ao quarto às 19h. Para surpresa da família, ela tomara anestesia geral, mas, mesmo sonolenta, já conseguia se comunicar com a família e reclamou de ardência na garganta.

— Falei para ela que havia sido entubada e por isso o incômodo, mas fiquei surpresa com a anestesia geral. Não esperava por isso. Cheguei a comentar que não teria deixado, se soubesse. Hoje não se usa nem em cesárias — diz Patrícia, acrescentando que a filha começou a passal mal, após uma enfermeira ter dado um medicamento, por via venosa, cerca de uma hora depois.

— Ela disse que era dipirona. Algum tempo depois, minha filha adormeceu profundamente e passou a fazer barulhos estranhos vindos dos pulmões e a aparentar falta de ar, o que foi piorando. Chamei as enfermeiras três vezes, mas disseram ser normal, por causa da anestesia — acrescenta.

Ainda de acordo com a mãe, Anna expelia secreção, com vestígios de sangue, pela boca e pelo nariz e a falta de ar piorava. Apesar de ter chamado as enfermeiras às 23h, por volta das 2h e novamente no fim da madrugada, apenas na terceira vez as enfermeiras, finalmente, chamaram médicos ao quarto. Pouco depois, a menina teve uma parada cardíaca.

— Eu via que a dificuldade de respiração só piorava e a minha filha não acordava e se debatia na cama. Como alguém se recuperando bem poderia estar daquela forma? Desde as 23h pedi ajuda, mas os médicos chegaram por volta das 6h. Uma médica chegou a perguntar às enfermeiras por que não tinha sido chamada antes. O peito da minha filha fazia barulho como se estivesse cheio de água dentro — relembra a mãe da jovem.

Após ser reanimada no quarto, Anna foi levada para o CTI, onde ela teve uma outra parada cardíaca.
Quando foi ver a filha no CTI, Patrícia reparou num saco com sangue ao lado do leito. Um médico teria dito que havia sido retirado dos pulmões da jovem. Indignada, a família reclama não ter recebido explicação do hospital para o que ocorreu com a adolescente.

— Simplesmente, o hospital não me explicou o que aconteceu com minha filha, que chegou andando e saiu morta direto para o IML. Quando pedimos o boletim médico, o hospital nos mandou procurar um advogado para termos acesso a ele. Além disso, o atestado que nos deram não esclarece a causa da morte — acrescenta Patrícia, que já pagava pela festa de 15 anos da única única, em junho de 2013.

Querida pelos colegas de turma do Colégio Jean Piaget, em São Gonçalo, onde cursava o 9º do ensino fundamental, Anna foi enterrada com a presença de cerca de 500 pessoas, entre estudantes e amigos da família, que morava no município. O colégio ficou fechado por dois dias em sinal de luto.

Procurado pelo GLOBO, o Hospital Icaraí limitou-se a emitir uma nota curta sobre a morte da jovem: “A paciente internou-se nesse nosocômio para um procedimento de forma eletiva, devidamente encaminhada por seu médico assistente, sendo certo que toda assistência multidisciplinar foi dada. A causa mortis está sendo apurada.”

Fonte: O Globo