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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

RJ: Cirurgia simples deixa paciente em coma

Família busca na Justiça uma explicação. Médicos afirmam que a recuperação é difícil

Elizabeth Travassos, de 56 anos, entrou no Centro Cirúrgico do Hospital Pan Americano, na Tijuca, para retirar um nódulo do útero. Era 14 de dezembro de 2011 e estava frio. Pediu ao médico que não aplicasse a anestesia geral — afinal, estaria de alta em poucas horas. Dormiu. Minutos depois, a antropóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) teve uma parada cardiorrespiratória. Há oito meses, ela permanece em coma.

— Ninguém espera para si uma coisa dessas. É como se a tivesse perdido, mas ela continua viva. Minha mulher não consegue interagir, ter domínio do corpo. Mas acredito que esteja consciente — conta o marido de Elizabeth, Antônio Pedral, de 62 anos.

Após a parada cardiorrespiratória, Elizabeth foi encaminhada para a Unidade de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Pan Americano. Segundo a família, durante
os três dias em que esteve lá, a unidade não realizou avaliações neurológicas para verificar o tamanho da lesão no cérebro da paciente. No dia 17, ela foi transferida para o Quinta D`Or.

— Nós queremos uma explicação sobre o que aconteceu na hora e depois da cirurgia. Vários pontos estão confusos. Estamos sofrendo muito — lamenta o ``casseta`` Reinaldo Figueiredo, casado com a irmã da antropóloga.

Inquérito

O caso foi registrado na 19ª DP (Tijuca). Segundo o advogado da família, Ubyratan Cavalcanti, os médicos envolvidos no caso e os parentes já foram ouvidos pelo delegado e foi pedido um laudo técnico sobre o caso.

—Assim que essas diligências forem cumpridas, o inquérito será encaminhado para o Ministério Público, que vai decidir se denunda ou não o hospital pelo que acreditamos ter sido um erro médico. Ainda não há um prazo para a conclusão dessa fase, mas esperamos que seja breve — afirma.

Elizabeth tem pós-doutorado na Queen`s University, em Belfast, e é uma das mais respeitadas pesquisadoras do país. Sua vida acadêmica se dedica principalmente ao estudo da antropologia da música popular brasileira.

— A vida dela foi paralisada. Estava no auge da carreira, escrevendo artigos. A minha vida e do nosso filho, de 14 anos, também entrou em pausa. Ele foi privado da mãe em um momento muito importante— diz Antônio.

Cremerj investiga possível erro médico

Segundo o advogado Ubyratan Cavalcanti, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) está verificando se houve erro médico no caso de Elizabeth, em sua Câmara Técnica de Anestesiologia. A assessoria do conselho, entretanto, afirmou não poder comentar o caso, pois a investigação desse tipo de denúncias corre em sigilo.

— Esse material faz parte das exigências que o Ministério Público fez para o inquérito — afirma o advogado.

A pesquisadora está em casa desde junho, após vários messes de internação no Hospital Quinta D`Or. Para manter a estabilidade do quadro, a família contratou uma equipe de home care, com enfermeiros, médicos e técnicos, que acompanham a paciente 24 horas por dia.

— O pior é não saber o que vai acontecer, essa incerteza. Mas a esperança não diminui. Todo dia que ela tem um avanço, seja um olhar, uma expressão, a gente comemora como uma grande vitória — afirma Antônio.

O EXTRA procurou o Hospital Pan Americano durante a tarde de ontem. A direção no centro de saúde, entretanto, não retomou as ligações até o fechamento da edição.

— Ela faz muita falta para a gente e para a comunidade científica. Meu filho toca piano, ela tocava com ele, ensinava, faziam parcerias. É uma coisa muito triste — lembra ainda o marido.

Fonte: Extra