Mais de 400 empresas do complexo hospitalar nacional tiveram prejuízos com a retenção de reagentes médicos em portos e aeroportos
A greve da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que teve início no dia 16 de julho, começa a atrasar os exames em alguns laboratórios do país. Como boa parte dos reagentes necessários à realização de testes médicos são importados, os produtos estão, em sua grande maioria, retidos em portos e aeroportos. Por enquanto, exames como o de shbg (proteína que carrega os hormônios sexuais no sangue) e o de testosterona livre são alguns dos mais prejudicados. Se o impasse com o governo federal não for resolvido, em alguns dias outros mais importantes como hemocultura e hemogramas também devem ser afetados.
Segundo Paulo Azevedo, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), os laboratórios do país só não entraram em colapso porque têm se ajudado. Outro motivo para a sobrevida são as liminares que fornecedores dos produtos conseguem na Justiça para liberar as mercadorias.
— Quando um laboratório possui excesso de um tipo de reagente empresta para quem necessita. Estamos no limite. Não sei se conseguimos aguentar mais dez dias — alerta.
A falta de reagentes já começa a afetar, inclusive, as unidades de terapia intensiva (UTI).
— O exame de procalcitonina é essencial para avaliar o nível de infecção de um paciente, mas já sabemos de dificuldades neste teste — revela Azevedo.
Ao todo, mais de 400 empresas envolvidas com o complexo hospitalar dependem de produtos importados. Todas sofrem restrições de alguma maneira, conta Carlos Eduardo Gouvêa, secretário-executivo Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL). Apesar de definir a situação como crítica, prefere, porém, mostrar otimismo graças à decisão da Justiça do Trabalho, na última semana, que ordena a volta dos servidores da Anvisa.
— Sentimos também um sinal de flexibilidade do governo para resolver o impasse. Antes os dois lados não se falavam e não conseguíamos ver um luz para a solução. Vamos esperar que a situação se normalize nos próximos dias — afirma Gouvêa.
Diretor-médico do Laboratório Richet, Helio Magarinos diz ainda não ter uma solução em mente caso o problema não seja resolvido nesta semana. A previsão é que nos próximos dias faltem reagentes para os testes de hemoculturas e hemogramas, essenciais para exames de sangue dos pacientes.
— No momento temos dificuldades apenas em testes hormonais, de pouca gravidade. Temos enviado as mostras a outros laboratórios, parceiros, para nos ajudar a fazer estes exames. O problema é que isso torna todo o processo bem mais lento. Caso a situação continue, porém, fica difícil pensar em uma saída — admite.
Fonte: O Globo
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.