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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Médicos ``loteiam`` eventos para indústria de remédios

Empresas bancam de palestrantes a papel timbrado; maior parte dos médicos defende patrocínio aos eventos

Tudo o que acontece nos eventos médicos é hoje patrocinado pela indústria de remédios e de equipamentos. Os próprios organizadores determinam os itens e os disponibilizam.
A maioria (58%) dos médicos paulistas ouvidos em pesquisa do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP), divulgada ontem pela Folha, concorda que os congressos sejam financiados pela indústria.
Uma parcela (19%) vai ainda mais longe: é favorável a que a indústria opine sobre a programação de congressos e simpósios médicos.
As sociedades médicas garantem que essa interferência não ocorre. Nem mesmo quando os próprios palestrantes do evento são patrocinados pela indústria.
É o caso, por exemplo, do próximo Congresso Brasileiro de Cardiologia, marcado para setembro em Belo Horizonte e que deverá reunir mais de 6.500 médicos.
No site do evento, a coordenação montou um ``book de comercialização``, onde estão discriminados os itens a serem patrocinados-como os que estão no início desta reportagem- pela indústria.

PALESTRANTES
Viagens e hospedagem de palestrantes nacionais e internacionais dos eventos figuram entre eles.
Segundo o cardiologista Miguel Antonio Moretti, coordenador de planejamento e infraestrutura da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), é a entidade que escolhe o palestrante, sem nenhuma interferência do patrocinador.
``A empresa custeia a passagem aérea, a hospedagem e a alimentação do palestrante, mas é a SBC que decide quem vai trazer. Ética e transparência são uma questão de honra para nós.``
Moretti afirma que o custo do congresso médico é muito alto e, sem o apoio da indústria, o valor teria que ser repassado aos médicos, o que inviabilizaria a participação da maioria deles.
``Não é todo médico que pode se dar ao luxo de ficar quatro, cinco dias sem ganhar nada e ainda tirar do bolso R$ 3.000, R$ 4.000 para participar de um congresso. Sem a indústria, esse custo seria muito maior.``

``JANTAR DO PRESIDENTE``
No item ``jantar do presidente``, a SBC informa ao potencial patrocinador que se trata de uma recepção para 400 pessoas, oferecida pelo presidente do congresso a todos os palestrantes internacionais e nacionais.
``Esse é um patrocínio importantíssimo, pois é uma oportunidade de estreitar relacionamento com os principais formadores de opinião do evento.``

DISTORÇÃO
O médico José Luiz Gomes do Amaral, presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), diz que os 4.000 eventos científicos que ocorrem anualmente no Brasil são essenciais não só para a atualização médica como para a troca de opiniões.
``A indústria pode divulgar, patrocinar os congressos médicos. O que não pode é distorcer a informação.``

Fonte: Folha de São Paulo / Claudia Collucci