Médicos do John Hopkins Medicine realizaram dois transplantes de órgãos envolvendo rim e fígado soropositivos. É uma conquista histórica que vai ajudar a resolver a atual falta de órgãos ao mesmo tempo que cimenta o caminho para transplantes semelhantes envolvendo outras doenças.
Os médicos, que anunciaram as cirurgias ontem (30), usaram órgãos doados pela família de uma mulher soropositiva que morreu no começo do mês. Seu fígado e rim foram transplantados com sucesso em dois pacientes, ambos soropositivos. Isso encerra um período de 25 anos em que era ilegal usar órgãos soropositivos em transplantes nos EUA. A cirurgia envolvendo o fígado foi a primeira no mundo, enquanto o transplante de rim foi o primeiro nos EUA.
“Este é um dia inacreditavelmente excitante para o nosso hospital e nossa equipe, mas mais importante ainda para pacientes que vivem com HIV e doenças em órgãos em fase terminal”, destacou o cirurgião-chefe Dorry L. Segev em um comunicado. “Para essas pessoas, isso pode significar uma nova chance de vida.”
Segev diz que pacientes soropositivos mortos representam uma nova fonte importante de órgãos para transplantes. Ele estima que entre 500 e 600 doadores estarão disponíveis todos os anos, o que pode ajudar a salvar a vida de milhares de pessoas. Além disso, essas doações vão ajudar a solucionar uma falta de doadores nos EUA; cerca de 122.000 pessoas estão na fila esperando órgãos para transplante, e milhares dessas pessoas morrem todos os anos.
A cirurgia só foi possível devido a uma lei aprovada em 2013 nos EUA e de outra aprovada recentemente na Rede Unida para o Compartilhamento de Órgãos. As mudanças foram motivadas pelos recentes avanços nos medicamentos antiretrovirais e de outras terapias que ajudam muito a diminuir o número de vítimas do HIV/AIDS (mas muitos desses medicamentos acabam causando insuficiência hepática ou renal). Além disso, cirurgiões desenvolveram técnicas e protocolos para garantir que o vírus HIV não se espalhe para a equipe médica.
Transplantes futuros podem envolver outros órgãos, como pulmões, pâncreas e intestinos. Além disso, esse feito pode influenciar cirurgias parecidas para outros pacientes infectados com doenças transmissíveis, como hepatite C – duas equipes dos EUA já planejam usar rins infectados com hepatite C para transplantes ainda neste ano.
[NPR, LA Times]
Fonte: Gizmodo Brasil
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.