Especialista confirma riscos que jovem corre caso não consiga ajuda.
Ferimento surgiu após problema com uma prótese de silicone de R$ 12 mil.
O drama da jovem de 33 anos, moradora de Santos, no litoral de São Paulo, que sofre com um buraco que apareceu em seu bumbum após colocar uma prótese de silicone, a ponto de temer por sua vida, traz à tona a dúvida: o problema é tão grave que pode causar a morte, caso ela não consiga ajuda? O G1 conversou com um especialista sobre o assunto.
Segundo o cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês e coordenador do Capítulo de Implantes de Silicone da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Alexandre Mendonça Munhoz, podem, sim, haver complicações graves. "Pode ocorrer infecção crônica, desenvolvimento de bactérias resistentes a antibióticos habituais, necrose da pele local e, em último caso, a progressão da infecção para o organismo, uma infecção sistêmica", explica.
Um agravante é a síndrome do cólon irritável que L.V.S., que prefere não se identificar, diz estar sofrendo, devido ao nervoso por que tem passado. Ela conta que vai frequentemente ao banheiro e tem evacuado sangue. "Teoricamente isso pode complicar a situação, uma vez que é uma região potencialmente contaminada e existe um orifício na pele, bem próximo da região anal", diz o cirurgião.
Munhoz explica que a técnica para o implante de silicone nas nádegas é relativamente recente, o que pode contribuir para ocorrerem complicações. "Os implantes de silicone, como qualquer material sintético colocado no organismo, podem evoluir com reação local, seroma, infecção e deslocamento. Na cirurgia de mama, há mais de 50 anos de evolução, com aprimoramento técnico por parte dos cirurgiões e implantes de última geração. E mesmo assim, as complicações, embora raras, também existem. Nos implantes para a região glútea, a grande maioria das técnicas é recente, 10 a 15 anos, e são poucos os cirurgiões que têm experiência. Além disso, a área glútea é diferente da região mamária e mais propícia a problemas, pela maior movimentação e por ser uma região de apoio do corpo. Apesar de existirem excelentes cirurgiões e com bons resultados, do ponto de vista estatístico, essa região é mais propensa a complicações locais", conta.
O cirurgião diz ainda que as chances de aparecimento de um furo no bumbum, como o que aconteceu com a jovem, são pequenas. "O seroma é um acúmulo de líquido e pode ocorrer após qualquer cirurgia. É mais comum em regiões que apresentam maior movimentação ou no pós-operatório no qual não se realiza os cuidados adequados, como repouso. Todavia, mesmo seguindo todas as recomendações, há uma incidência de aproximadamente 1% a 3%. Isso no caso da cirurgia mamária com silicone, pois não há estudos controlados para operações na região glútea. Na presença de seroma tardio, depois de um ano, há a suspeita de infecção associada. Se ocorrer no ponto mais próximo da prótese com a superfície da pele, pode evoluir para uma depressão local ou 'buraco'. Na cirurgia de mama esse evento é mais raro ainda (0,5%) e a evolução é semelhante ao que ocorreu com a jovem", explica.
Munhoz acredita que a situação de L.V.S. pode ser revertida com o tratamento adequado. "É necessária a retirada dos implantes de silicone; a coleta de material da secreção ou seroma, para identificar a bactéria, no caso de infecção; e tratamento com o antibiótico adequado para o caso. Em um período de seis meses a um ano, uma nova cirurgia reparadora local. Há excelentes cirurgiões em Santos, e com experiência em implantes de silicone. Como já foi colocado para a paciente, existe a necessidade da retirada das próteses. Mas a complicação local, que às vezes pode ocorrer, não necessariamente está relacionada a um erro por parte do médico", conclui.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.