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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ganhos da digitalização de hospitais são óbvios, dizem CEOs

Altos executivos de instituições reconhecem benefícios da tecnologia, mas levantam dúvidas sobre o futuro e a capacidade dos fabricantes de atenderem suas necessidades

A implementação de tecnologias da informação e de telecomunicações (TICs) traz ganhos inquestionáveis às instituições de saúde, considerando aspectos de assistência, gestão e lucratividade (iniciativa privada) ou economia de recursos (setor público). Apesar da dificuldade de fixar percentuais mínimos de investimento, os CEOs acreditam piamente na capacidade das tecnologias de impulsionar o setor.

O painel de encerramento do eSaúde e PEP 2013, congresso realizado pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) em São Paulo, reuniu executivos de três instituições para debater as expectativas dos hospitais brasileiros sobre a TI. E o que se espera, disseram, é uma melhoria principalmente da qualidade da assistência.

“Os ganhos são óbvios, mas nem sempre os mais importantes são os mais visíveis logo de cara. Na verdade o que esperamos no primeiro um ano e meio é uma piora”, explicou o Antônio Carlos de Lira, executivo do Hospital Sírio-Libanês. “Esperamos que melhore, mas há um desperdício de recursos por algum tempo na fase inicial. Mas depois que se estabiliza há várias informações que demonstram ganhos de eficiência. Quem vai investir em informatização vai ter que garantir um recurso. Mas os investimentos se pagam com certeza.”

Para Lira, o grau de informatização e as necessidade das instituições são muito variáveis, dado o cenário heterogêneo do País. Os sistemas oferecidos, direcionados principalmente na melhoria dos processos internos, são bons, mas há carência de softwares inovadores. “Acho que o grande desafio da TI é promover e induzir inovações, como mobilidade, dando conta de melhorias anteriores.”

Para Marcos Fumio, do Hospital das Clínicas da USP, as iniciativas não podem ser isoladas e não devem se limitar ao software de sistema de gestão. Outros pontos – como terceirização de impressão – devem ser considerados. Além disso, os ganhos mensuráveis e não mensuráveis de uma implementação de sistemas precisa ser mostrados pelos departamentos de TI e pela administração geral, principalmente no caso de hospitais públicos como HC.

“Não temos ganhos de orçamento para investir em sistemas. Temos que oferecer ganhos de escala para a Secretaria [Estadual de Saúde] para receber. Mas essa parte da gestão, seja pública ou privada, é igualzinha. A forma de compra é um pouco diferente devido às licitações, mas o conceito é igual para os dois lados”, ponderou Fumio. “Mas sou entusiasta e acredito fortemente nesta diretriz.”

Luiz de Luca, superintendente corporativo do Hospital Samaritano de São Paulo, reitera que a informatização traz ganhos de qualidade, informação e gestão, mas ainda não são totalmente claros os benefícios que a TI trará para o setor de saúde como um todo. Passada uma fase de automação e digitalização, ainda há uma fase assistência totalmente integrada que está por vir.

“Por custo ou infraestrutura ainda não estamos vendo o universo que isso vai gerar. A substituição da folha de filme por digitalização funciona no primeiro momento, mas as pessoas não perguntam sobre o armazenamento necessário, dos equipamentos obsoletos, da perda de garantia… De alguma forma o filme estava lá. Os fornecedores dizem que essas soluções se pagam em cinco anos, mas nos outros cinco haverá uma relação de custo diferente”, ponderou De Luca.

Resistências e inadequação
Ainda há, é claro, a resistência dos profissionais de saúde em adotar as tecnologias da informação, mesmo com os ganhos de qualidade, refletiram os CEOs. Marcos Fumio cita sua experiência prévia no Instituto do Câncer (Icesp), em que a proposta de informatização gerou temor quanto à perda de tempo dos médicos para se dedicarem aos pacientes.

“Foi muito pelo contrário. Houve um ganho de tempo de atendimento. Toda equipe multidisciplinar para pré e pós-consulta foi compartilhada na introdução de dados no sistema. Ganho de segurança foi muito grande. São ganhos que a gente peca em não conseguir transmitir pra a comunidade”, disse Fumio.

Para Lira, a “resistência clássica dos colegas” precisa ser relevada, pois as ferramentas ainda “deixam a desejar, precisam ser mais sedutoras”. Ainda assim, disse, o convencimento a partir da ótica da integração do profissional em um sistema que garante a segurança do paciente é mais fácil demonstrar.

Luiz de Luca, por sua vez, mostra o outro lado da moeda: para ele, os profissionais da área de TI ainda “se veem como um departamento, e acho que não podemos mais ter TI como departamento. Muitos não fizeram nenhuma formação específica para área de saúde”, concluiu. Para ele, esse posicionamento cria um dilema entre médicos e TI, e requer mais que o técnico de sistemas e automação. “Temos que trabalhar uma nova formação de gestão de saúde.”

Assunto bastante discutido durante o congresso, a formação mais híbrida, aberta e multifacetada dos profissionais de tecnologia da informação na área de saúde exige, também para os CEOs, faculdades que unam áreas de tecnologia e medicina. “Cada vez mais o fenômeno tecnológico está se juntando à saúde e alguém precisa tomar conta daquela parafernália”, disse Lira.

Fonte: Saúde Web