Crianças em estado grave são atendidas na enfermaria do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), de acordo com denúncia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj). Em reunião com médicos da unidade, no último dia 30, o presidente da entidade, Sidnei Ferreira, foi informado de que o CTI pediátrico tem cinco leitos e um deles estaria vazio, reservado para uma possível demanda da Copa do Mundo.
— Naquele dia, segundo relato dos médicos, havia cinco crianças entubadas na enfermaria. Essas crianças deveriam estar no CTI porque necessitam de atenção especial. Infelizmente, temos uma regulação falha e conseguir vagas num CTI está cada vez mais difícil, o que é desumano. O serviço pediátrico do HFB tem tradição e é uma referência em alta complexidade, por isso, deve ser preservado e não pode fechar. Medidas precisam ser tomadas — disse Ferreira.
De acordo com médicos do HFB, devido à falta de pediatras, apenas 18 dos 35 leitos da enfermaria estão ativos.
Na emergência, que funciona há três anos em um contêiner, o deficit de pediatras é tão crítico que, em julho, de acordo com a escala, dois plantões aos domingos poderão não ser cumpridos. Segundo o Cremerj, há plantões que são feitos apenas por residentes, sem a presença de médicos do staff ou de supervisores.
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, a direção do HFB informou que são realizados cerca de 15 atendimentos por dia na emergência, mas não se manifestou a respeito da escala de dois domingos de julho em que não teriam pediatras. O Bonsucesso ainda não implantou ponto biométrico para os funcionários.
Hospital nega reserva de leito
Em nota, a direção do hospital afirmou ter 17 leitos de enfermaria e quatro de CTI pediátrico, ressaltando que o HFB não está entre as unidades escolhidas pela organização da Copa do Mundo como referência para atendimento durante o evento.
A nota enviada pelo Ministério da Saúde informou também que o Serviço de Pediatria do HFB possui um perfil de atendimento direcionado a casos de alta complexidade. Dessa forma, “alguns pacientes internados na enfermaria necessitam de uma assistência especializada, mas não necessariamente de um tratamento intensivo como de um CTI”.
O Ministério da Saúde afirmou que vem investindo na contratação de profissionais para ampliar a capacidade de atendimento dos seis hospitais federais do Rio. No primeiro semestre deste ano, 351 médicos foram contratados, sendo 86 para o HFB.
Médicos do corpo clínico irão elaborar propostas de reformulação do serviço de pediatria. Uma cópia do documento será enviada ao Ministério Público pelo Cremerj.
Fonte: Extra.Globo
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.