Bebês nasceram prematuros aos sete meses, em Pirenópolis, GO.
Secretaria diz que vagas só surgiram cinco horas após morte das crianças.
Um casal de bebês gêmeos morreu dez horas após o parto em Pirenópolis, a 121 km de Goiânia. A família afirma que eles não conseguiram vagas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal para as crianças, que nasceram prematuras aos sete meses de gestação.
Segundo o enfermeiro que acompanhou o parto, as crianças tinham chances de sobreviver se tivessem conseguido a transferência. "Tinham grandes chances, um deles nasceu com 2 kg e o outro com 1,920 kg. Eles nasceram até bem, com situação boa, com os batimentos bons. Mas com o decorrer [do tempo] foi abaixando" afirma o enfermeiro Daniel Gonçalves Ferreira.
Segundo os pais, o drama da gestante começou no sábado (26), quando ela sentiu fortes dores, e a família pediu ajuda do Corpo de Bombeiros para levar a mulher a um hospital em Anápolis, a 63 km de Pirenópolis, mas afirma que não conseguiu o serviço.
"Procuramos o serviço de bombeiros e eles disseram que, dentro do carro em que ela [a gestante estava, ela estava bem mais confortável e que não adiantiaria eles trazerem, sendo que eu disse que ela já estava sangrando, passando muito mal, sentindo muita dor. E ele falou que não adiantiaria eles trazerem porque aqui só atende emergência", afirma o pai dos bebês, Daniel Tomás de Almeida.
Com medo de fazer a viagem até a cidade vizinha de carro, o pai dos bebês optou por levar Cláudia ao Hospital Estadual Ernestina Lopes Jaime, em Pirenópolis. A esperança dele era conseguir uma ambulância, mas a mulher já estava em trabalho de parto e os bebês nasceram.
Por serem prematuras, as crianças precisavam ser transferidas para uma UTI neonatal em outra unidade de saúde. Funcionários do hospital e familiares afirmam que buscaram vagas, mas não encontraram em Anápolis, nem em Goiânia. Dez horas após o parto, os bebês não resistiram e morreram.
"Precisava de aparelho pra respirar, infelizmente Pirenópolis não tem estrutura para receber recém-nascido, principalmente nesse estado que eles nasceram", lamenta a avó dos bebês Neliana Tomás de Almeida.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a corporação não negou atendimento e o pai dos bebês foi quem optou por levar a mulher até o hospital no próprio carro porque o transporte com os bombeiros não poderia ser feito direto para Anápolis ou Goiânia.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que as vagas em UTI neonotal só surgiram 15 horas depois do pedido, em Aparecida de Goiânia, mas as crianças já tinham morrido. A secretaria afirma ainda que nesta semana devem ser inaugurados dez novos leitos em UTI neonatal em Goiânia.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.