Com suspeita de dengue, menina vomitou sangue em clínica da prefeitura do Rio, mas foi liberada. 'O erro custou a vida da paciente', afirmou delegado
A Polícia Civil do Rio concluiu, nesta terça-feira (7), o inquérito sobre a morte de Thaiza Michele Silva Casseres, de 11 anos. Com suspeita de dengue, a menina morreu seis horas após receber alta da Clínica da Família Sérgio Arouca, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. A criança deu entrada na unidade da prefeitura do Rio com febre e dor de cabeça no dia 8 de março do ano passado. Após vomitar sangue, Thaiza recebeu soro com plasil e dipirona, e foi liberada. Vanessa Labanca Freire, médica responsável pelo atendimento, foi indiciada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
'A situação da paciente era bem grave e a liberação foi prematura. O erro custou a vida da menina', afirmou o delegado Geraldo Assed, responsável pelas investigações. A polícia descobriu que nenhum exame foi feito na Clínica da Família ou solicitado pela profissional. Vanessa prestou depoimento na delegacia de Santa Cruz (36ª DP) e negou qualquer falha no atendimento. Mas, de acordo com relatos da enfermeira da clínica e de outros médicos, a polícia concluiu que Thaiza deveria ter sido transferida para outra unidade de saúde.
'Em casa, minha filha disse que não estava aguentando de calor. Me pediu para jogar água no rosto e falou: 'Acho que vou morrer'. E depois desmaiou', contou a mãe Maria Rodrigues Silva. A menina ainda foi levada para o Hospital Pedro II, em Santa Cruz, mas não resistiu. O caso foi revelado com exclusividade pela Rádio Globo. Exames feitos na Fiocruz após a morte confirmaram que Thaiza estava com dengue. Vanessa foi transferida pela prefeitura para outra unidade.
Procurada pela Rádio Globo, a Secretaria de Saúde não quis passar detalhes sobre o atendimento na Clínica da Família. Em nota, alegou que 'está à disposição da Polícia Civil e outros órgãos competentes para fornecer informações e documentos que auxiliem nas apurações sobre o caso'. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público nos próximos dias.
Sem saco plástico, IML não fez exames
O drama da família de Thaiza ainda teve outros capítulos. Dois exames (sorológico e toxicológico) que poderiam ter revelado a causa da morte, em março de 2013, deixaram de ser feitos no IML de Campo Grande por falta de recipientes na unidade da Polícia Civil. No laudo da necropsia, o perito afirmou que o sangue e as vísceras da vítima não foram colhidos porque 'não havia vidro nem saco plástico apropriados'.
Fonte: Rádio Globo
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.