O índice de reprovação dos 2.843 médicos recém-formados em São Paulo que prestaram o Exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) 2013 foi de 59,2%. O índice é maior que o de 2012, ano em que a prova se tornou obrigatória, quando 54,5% foram reprovados.
Apesar de obrigatório para conseguir a licença médica, o exame não tem caráter eliminatório. Isso significa que mesmo que o médico não passe na prova, ele ainda poderá exercer a medicina. "Infelizmente, o conselho ainda não pode negar o registro para quem não atinge o mínimo de 60% de acerto", diz Bráulio Luna Filho, diretor do Cremesp e coordenador do exame.
Bráulio aponta que há casos em que o registro é dado a alunos que acertaram apenas 17 das 120 questões de múltipla escolha, com cinco alternativas. "É vergonhoso e um grande absurdo. O exame deveria ser terminal, se o aluno passou, consegue a licença", diz.
Os índices são ainda mais baixos entre os alunos formados em faculdades privadas. Dos 2.843 que prestaram a prova, 1.942 são egressos de escolas particulares. Desses, 1.379 foram reprovados, um índice de 71%. "Nos Estados Unidos, o grau de reprovação da medicina como um todo é de menos de 10%. Lá, a avaliação é melhor. No Brasil, é médico quem pode pagar uma mensalidade", diz Luna Filho.
O Cremesp afirma que a prova realizada em São Paulo é bastante similar ao Revalida, avaliação que médicos formados no exterior precisam prestar para poder exercer a medicina no Brasil. "O Cremesp é da opinião de que deveria haver apenas uma prova, aplicada a todos os médicos formados aqui ou lá fora que queiram trabalhar no país", João Ladislau Filho, presidente do Cremesp.
Em 2013, dos 1.595 médicos que fizeram o Revalida apenas 109 foram aprovados. Em 2012, o exame aprovou 77 profissionais. "As duas avaliações são bastante parecidas no grau de dificuldade e na abordagem de temas gerais", diz Reinaldo Ayer de Oliveira, conselheiro do Cremesp.
OUROS ESTADOS
A prova também foi realizada por 485 médicos formados em outros estados do país, que pretendem fazer residência médica ou exercer a medicina no estado de São Paulo. Destes, 350 foram reprovados, um índice de 72,2%.
De acordo com Luna Filho, o objetivo do conselho com a prova é ter em mãos um mecanismo de avaliação do ensino da medicina. "Precisamos saber se os médicos formados aqui sabem o básico, o essencial para exercer uma medicina segura."
O próximo passo é tentar melhorar a qualidade de ensino nas faculdades do estado. De acordo com Ladislau, o conselho tem câmaras técnicas que se dispuseram a ajudar as universidades a adequarem a grade curricular e os sistemas de avaliação. "Mas ainda há certa resistência", diz.
Fonte: Folha Online
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.