Para Mário Hirschheimer, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo, carência de especialistas está levando mães aos inadequados prontos-socorros
Restrita às consulta ou plantões, a pediatra brasileira amarga baixas remunerações no sistema público e na rede suplementar, levando jovens médicos a optarem por outras especialidades. Consequência: faltam pediatras em diversas regiões do País, e consultas rotineiras de puericultura são substituídas pelo atendimento nos prontos-socorros.
O alerta feito pela Sociedade de Pediatria de São Paulo diz que, assim, as crianças adoecem e morrem mais. Mário Roberto Hirschheimer, presidente da SPSP, diz que as condições inadequadas de trabalho destes especialistas também contribuem para a fuga de profissionais de atendimento de crianças e adolescentes.
No Estado de São Paulo, segundo ele, a proporção é de 2,7 médicos por mil habitantes, considerada adequada. Entretanto só há 0,7 pediatra para cada mil habitantes entre zero e 20 anos. Portanto, diz, não há pediatras suficientes para atender crianças e adolescentes do estado.
A estatística é ainda mais alarmante quando considerado a queda, entre 1999 e 2013, de 55% dos candidatos ao título de especialista em pediatria, apesar do significativo aumento do número de faculdades de medicina. Há 15 anos, explica Hirschheimer, de 15% a 20% dos formandos procuravam a pediatria como especialidade. Hoje esse número é inferior a 8%.
Segundo Hirschheimer, a maioria dos formandos não tem interesse em abrir um consultório: as operadoras pagam, em média, R$ 66,00 por consulta, enquanto as despesas para manter o consultório chegam a R$ 55 por paciente. O pediatra precisaria assim atender um paciente a cada dez ou quinze minutos.
A exigência de produtividade de quatro atendimentos por hora na rede pública também é um problema para a qualidade do serviço, alerta o especialista. Para muitos dos gestores desses serviços, a expectativa é que cada pediatra atenda de 60 a 72 consultas em doze horas, média longe da ideal de qualidade.
Fonte: SaúdeWeb
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.