Ferimento surgiu após problema com uma prótese de silicone de R$ 12 mil.
Jovem já ganhou concursos de beleza antes de realizar a operação.
A moradora de Santos, no litoral de São Paulo, que sofre com um buraco que apareceu em seu bumbum após colocar uma prótese de silicone, já não sabe mais o que fazer. Mesmo depois que sua história veio a público, há dois meses, por meio de uma entrevista ao G1, a jovem de 33 anos não conseguiu ajuda para retirar o implante e, pelo contrário, só viu sua saúde piorar, a ponto de já esperar pelo pior.
A ex-modelo L.V.S., que prefere não se identificar, conta que já apelou para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para uma faculdade, mas não obteve ajuda. "O médico que me atendeu no SUS, na semana passada, disse que não pode me operar, só pelo particular. Também tentei ser 'cobaia' em uma faculdade que atua dentro do Hospital Guilherme Álvaro, mas também disseram que não podem me ajudar", relata.
A jovem explica que sua saúde está piorando a cada dia, não só pela ferida no bumbum, mas também pelo nervoso que vem passando. "Estou tão desesperada que todo o meu corpo está sofrendo. Agora estou com síndrome do cólon irritável, por conta do nervoso. Estou evacuando sangue, preto, vou no banheiro toda hora. Estou tomando uma injeção por dia para tentar controlar, mas não está adiantando", conta.
L.V.S. diz que quase não tem mais esperanças de ver seu problema resolvido. "Virou uma bola de neve, não sei mais o que fazer, porque não tenho dinheiro. Estou esperando a morte, porque acho que é isso que vai acontecer. Vou largar mão de tudo, fazer o quê?", lamenta.
O caso
Há três anos, L.V.S. colocou uma prótese de silicone no bumbum. A cirurgia foi um presente do namorado, ao completarem 10 anos de relacionamento. A jovem conta que colocar silicone era um desejo muito antigo. Quando mais nova, ela trabalhava como modelo em eventos, comerciais e também participava de concursos de beleza. Entre os títulos, estão os de Miss Guarujá, Miss Comércio e Miss Beleza Cigana. Apesar do rosto e corpo bonitos, ela nunca gostou do bumbum, e até brinca ao dizer que não sabe como conseguia ganhar os concursos. “Quando eu desfilava, ia de frente e voltava rapidinho, eu tinha vergonha”, diz ela.
Após a morte do pai, L.V.S. ficou muito abalada e emagreceu cerca de 10 quilos. A jovem se sentiu ainda mais magra e, com a proposta do namorado, resolveu encarar a cirurgia. “Meu namorado sempre teve dinheiro e era um sonho para mim. Se desse certo eu ia ficar feliz, senão, eu não tinha nada a perder”, lembra.
Ela pesquisou várias clínicas que ofereciam o implante da prótese de silicone no bumbum, fez todos os exames e marcou a operação, no valor de R$ 12 mil, para janeiro de 2011. L.V.S. colocou 350 ml em cada nádega e saiu do hospital no dia seguinte à cirurgia. Ela conta que o pós-operatório foi normal, mesmo que complicado. Para que a prótese ficasse perfeita, ela tinha que tomar vários cuidados, como deixar de sentar e dormir apenas de bruços. Mas todo o esforço valeu a pena. “Ficou perfeito, maravilhoso, eu me realizei. Ficou lindo”, conta a jovem.
Após um ano, começou a surgir um seroma, que é um acúmulo de líquido no local em que foi realizada a cirurgia. “Apareceu um seroma, uma bolinha. Eu fui no médico, ele estourou e disse que era normal isso acontecer”, conta. Na mesma época, ela começou a notar que o silicone estava se deslocando. “Uma parte estava quadrada e a outra redonda. Não sentia dor, mas via que estava estranho”, diz. Imediatamente, ela foi ao médico. Ele recomendou a troca da prótese, por conta de um deslocamento do implante do lado direito. O médico disse a ela que isso nunca havia acontecido com outras pacientes e que ele não sabia o que tinha causado o problema.
A retirada do silicone iria custar cerca de R$ 3 mil. Ela chegou a fazer os exames, mas logo depois foi demitida do emprego e ficou sem condições financeiras de realizar a cirurgia. Nesse período, outro seroma apareceu, dessa vez ainda pior. A bolinha estourou e deixou um buraco no bumbum da jovem. O orifício começou a soltar uma secreção e ela passou a ter febre e se sentir mal. O médico indicou remédios e a retirada do silicone o mais rápido possível.
Atualmente, L.V.S. sai poucas vezes de casa, mal consegue sentar direito e, como tem que comprar os remédios, que são caros, está cheia de dívidas. O relacionamento entre ela e o namorado terminou há alguns meses mas, mesmo assim, ele se dispôs a ajudá-la. Ela chegou a pedir dinheiro emprestado para comprar medicamentos e o material para fazer os curativos. L.V.S. já foi em vários hospitais, mas ninguém quis realizar a cirurgia por um preço mais baixo. Enquanto isso, a ex-modelo sofre com o sonho que acabou limitando sua vida. “Eu não me arrependo, mas não indicaria para ninguém. Agora, eu preciso de ajuda”, conclui a jovem.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.