Desempregada, ela precisa retirar o silicone para ter uma vida normal.
Jovem já ganhou concursos de beleza antes de colocar a prótese.
Uma moradora de Santos, no litoral de São Paulo, sofre com um buraco que apareceu em seu bumbum após colocar uma prótese de silicone. A jovem de 33 anos, que já ganhou concursos de beleza, agora luta para encontrar uma forma de retirar o implante. Por um período, ela teve o bumbum que sempre quis, mas depois do sonho realizado, começaram a surgir os problemas de saúde.
Há três anos, L.V.S., que prefere não se identificar, colocou uma prótese de silicone no bumbum. A cirurgia foi um presente do namorado, ao completarem 10 anos de relacionamento. A jovem conta que colocar silicone era um desejo muito antigo. Quando mais nova, ela trabalhava como modelo em eventos, comerciais e também participava de concursos de beleza. Entre os títulos, estão os de Miss Guarujá, Miss Comércio e Miss Beleza Cigana. Apesar do rosto e corpo bonitos, ela nunca gostou de seu bumbum, e até brinca ao dizer que não sabe como conseguia ganhar os concursos. “Quando eu desfilava, ia de frente e voltava rapidinho, eu tinha vergonha”, diz ela.
Após a morte do pai, L.V.S. ficou muito abalada e emagreceu cerca de 10 quilos. A jovem se sentiu ainda mais magra e, com a proposta do namorado, resolveu encarar a cirurgia. “Meu namorado sempre teve dinheiro e era um sonho para mim. Se desse certo eu ia ficar feliz, senão, eu não tinha nada a perder”, lembra.
Ela pesquisou várias clínicas que ofereciam o implante da prótese de silicone no bumbum, fez todos os exames e marcou a operação, no valor de R$ 12 mil, para janeiro de 2011. L.V.S. colocou 350 ml em cada nádega e saiu do hospital no dia seguinte à cirurgia. Ela conta que o pós-operatório foi normal, mesmo que complicado. Para que a prótese ficasse perfeita, ela tinha que tomar vários cuidados, como deixar de sentar e dormir apenas de bruços. Mas todo o esforço valeu a pena. “Ficou perfeito, maravilhoso, eu me realizei. Ficou lindo”, conta a jovem.
Após um ano, começou a surgir um seroma, que é um acúmulo de líquido no local em que foi realizada a cirurgia. “Apareceu um seroma, uma bolinha. Eu fui no médico, ele estourou e disse que era normal isso acontecer”, conta. Na mesma época, ela começou a notar que o silicone estava se deslocando. “Uma parte estava quadrada e a outra redonda. Não sentia dor, mas eu via que estava estranho”, disse. Imediatamente, ela foi ao médico. Ele recomendou a troca da prótese, por conta de um deslocamento do implante do lado direito. O médico disse a ela que isso nunca havia acontecido com outras pacientes e que ele não sabia o que tinha causado o problema.
A retirada do silicone iria custar cerca de R$ 3 mil. Ela chegou a fazer os exames, mas logo depois foi demitida do emprego e ficou sem condições financeiras de realizar a cirurgia. Nesse período, outro seroma apareceu, dessa vez ainda pior. A bolinha estourou e deixou um buraco no bumbum da jovem. O orifício começou a soltar uma secreção e ela passou a ter febre e se sentir mal. O médico indicou remédios e a retirada do silicone o mais rápido possível.
Atualmente, L.V.S. sai poucas vezes de casa, mal consegue sentar direito e, como tem que comprar os remédios, que são caros, está cheia de dívidas. O relacionamento entre ela e o namorado terminou há alguns meses mas, mesmo assim, ele se dispôs a ajudá-la, apesar de também não ter condições financeiras de pagar a cirurgia. Na última semana, está tendo que pedir dinheiro emprestado para comprar os medicamentos e o material para fazer os curativos. “Meu medo é que vire uma infecção. Está sendo horrível, não sei o que eu faço”, diz ela. L.V.S. já foi em vários hospitais, mas ninguém quis realizar a cirurgia por um preço mais baixo. Enquanto isso, a ex-modelo sofre com o sonho que acabou limitando sua vida. “Eu não me arrependo, mas não indicaria para ninguém. Agora, eu preciso de ajuda”, conclui a jovem.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.