Minha foto
Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Médicos agora miram anti-inflamatório

A proposta é que todos os medicamentos dessa classe sejam vendidos com a retenção de uma cópia da receita

Brasília - Um dos campeões de vendas nas farmácias e da automedicação, os anti-inflamatórios estão na mira das sociedades médicas. Com aumento de complicações e atendimentos de urgência provocados pelo uso inadequado, algumas entidades passaram a defender uma mudança na forma da prescrição. A proposta é que todos os medicamentos dessa classe sejam vendidos com a retenção de uma cópia da receita.

``É preciso fazer algo. Boa parte dos atendimentos de urgência, como hemorragias e lesões agudas gástricas, é provocada pelo uso exagerado do remédio``, afirma o presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia, José Roberto Almeida. ``Somos uns dos campeões mundiais no uso dessa classe de medicamento. Eles são importantes, úteis, mas quando usados de forma adequada``, afirma o diretor médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Anthony Wong.

Um dos principais erros, diz Wong, é usar anti-inflamatórios como ferramenta para reduzir a dor. ``O remédio não foi desenvolvido com essa finalidade.`` Ele atribui a grande incidência de complicações ao desconhecimento das interações que o medicamento pode trazer. ``Geralmente esse tipo de remédio é usado por pessoas idosas, que já têm outros tipos de problemas.``

A ideia, portanto é estabelecer como regra geral para todos os anti-inflamatórios o que já acontece com alguns medicamentos da classe e todos os antibióticos. O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, afirma que pedidos de regras mais rígidas já chegaram à agência. ``Por enquanto temos outra prioridade. Não acreditamos que o comportamento possa ser mudado só com o aumento de restrições.``

Barbano diz que a agência quer encontrar mecanismos para fazer valer uma regra antiga, mas que raramente é respeitada: a necessidade da apresentação da receita para remédios de tarja vermelha. Em fevereiro, a Anvisa publicou pela segunda vez um edital para interessados em participar de uma força de trabalho encarregada de estabelecer medidas para estimular o uso racional de medicamentos. Cerca de 120 inscrições foram feitas. A expectativa é a de que até o fim do ano uma política já esteja traçada.

A intenção é alertar a população sobre os riscos da automedicação, chamar a atenção dos locais de venda para a necessidade do cumprimento das regras e reforçar a vigilância. ``Vamos alertar todos os setores envolvidos, discutir estratégias de tal forma que, quando a cobrança começar a ser feita, ninguém possa dizer que não estava preparado.``

O presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, considera acertada a estratégia da Anvisa. ``Toda venda de medicamento com tarja deve ser feita mediante a apresentação da receita.`` Para ele, a automedicação tem de ser reduzida não com mais burocracia, mas com a criação de campanhas de esclarecimento.

Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, concorda. ``É preciso exigir receita, mas também garantir o acesso da população a atendimento médico``, disse. ``Enquanto o acesso for difícil, as pessoas vão recorrer ao palpite da vizinha ou aos medicamentos sugeridos nas farmácias.`` Roberto Almeida diz que atividades educativas são imprescindíveis. ``Se isso não funcionar, é preciso pensar em algo mais restritivo.``

Vendas

Em 2012, 129.279 caixas de anti-inflamatórios foram vendidas no País, segundo o levantamento feito pelo Sindusfarma e IMS Health. Essa classe de medicamentos, representa 4,9% da movimentação do setor. Em 2010, haviam sido vendidas 106.043, ou seja, uma alta de 21,9% em dois anos. ``Houve um aumento, mas equivalente ao crescimento que ocorreu no mercado neste período``, diz o presidente do sindicato. Em 2012, foram vendidas no País 2.587.868 caixas de remédios, uma alta de 25% em comparação ao total de 2010 (2.069.607).

Fonte: Estadão/Lígia Formenti