Leana Wen, 30, que está no último ano do programa de resiência do Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA), disse que a cada dia revive o horror que passou no setor de emergência do hospital no dia dos atentados à Maratona de Boston.
Leana conta que viu muita coisa em oito anos de formação médica --sendo quatro no pronto-socorro--, mas que nada a preparou para o que veria no dia dos ataques. As informações são do jornal norte-americano "USA Today".
A médica estava chegando ao fim de seu turno quando uma chamada por alto-falante anunciou que o hospital estava prestes a receber dois pacientes feridos em uma explosão. Em seguida foi ouvido outro anúncio, sobre uma segunda explosão.
Em poucos minutos, a sala de emergência estava cheia. Eram os pacientes mais angustiados que Leana já tinha visto. Alguns ficavam em silêncio, outros perguntavam insistentemente sobre familiares, outros choravam e gritavam.
"Em alguns momentos eu queria chorar com eles, mas não podia", disse Leana. "Havia sangue por toda a parte." Segundo ela, havia, ainda, o cheiro de roupa e carne queimada. "Nada me preparou para esse dia."
"Estou feliz de ter sido capaz de ajudar, mas gostaria de ter ajudado mais", disse ela. Por conta do horário, bem no momento da troca de turno, o hospital contou com o dobro de médicos do que o habitual.
Um de seus trabalhos mais importantes foi a triagem, ou seja, decidir quais pacientes seguiriam primeiro para o centro cirúrgico. Com tanto sangue por toda a parte, contudo, a tarefa não foi fácil. Uma vez localizada a fonte do sangramento, Leana trabalhou para estancá-lo, amarrando torniquetes naqueles que corriam o risco de sangrar até a morte.
Em um período de pouco mais de uma hora, o hospital onde Leana trabalha recebeu 31 dos mais de 260 feridos no atentado. Desses 31, ao menos quatro tiveram mebros amputados.
Ao mesmo tempo em que tinha que tomar sérias decisões, Leana não conseguia deixar de pensar em seu marido, que tinha ido à maratona para ver amigos --o casal mora bem perto do local das explosões.
"Eu estava com medo de que a próxima pessoa que eu teria que ressuscitar seria o meu marido", disse ela, que só soube que o companheiro estava bem cerca de duas horas dpeois.
"Foi muito difícil ver a vida das pessoas mudando em apenas um dia. Muitos deles tinham a minha idade", disse.
Mais de uma semana depois, Leana ainda tem pesadelos. Cada sinal sonoro de alarme à leva de volta para o dia do atentado. "Eu ainda estou tentando descobrir quais são as lições que esse dia deixou."
Fonte: UOL
Espaço para informação sobre temas relacionados ao direito médico, odontológico, da saúde e bioética.
- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.