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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sábado, 14 de novembro de 2015

Cesarianas por conveniência triplicam internamentos de recém-nascidos

PORTUGAL

Autores do estudo feito na maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, identificaram também um aumento de 160% no diagnóstico de dificuldades alimentares e perda de peso excessiva nos recém-nascidos por cesariana sem indicação médica.

As cesarianas feitas antes das 39 semanas, muitas por conveniência, triplicaram os internamentos de recém-nascidos, segundo uma análise a mais de três mil bebés feita ao longo de uma década na maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra. De uma amostra de 3213 recém-nascidos, a investigação realizada entre 2003 e 2013 mostrou que quase metade nasceu de cesariana electiva antes das 39 semanas.

Segundo o estudo publicado na mais recente edição da Acta Médica Portuguesa, a revista científica da Ordem dos Médicos, estes recém-nascidos por cesariana marcada antes das 39 semanas tiveram mais internamentos na unidade de cuidados intensivos, mais morbilidade respiratória, mais hipoglicémia e mais internamentos com duração acima dos cinco dias.

"A cesariana electiva, sem indicação médica, antes das 39 semanas tem riscos associados e potencia muito a necessidade de internamento dos bebés em cuidados intensivos", resumiu à Lusa a neonatologista Cristina Resende, uma das autoras da investigação. Com este estudo, Cristina Resende refere que se veio comprovar o que empiricamente já era a ideia da comunidade médica: as cesarianas sem recomendação médica aumentam as complicações e as necessidades de cuidados suplementares.

Além de triplicarem os internamentos, os autores do estudo identificaram um aumento de 160% no diagnóstico de dificuldades alimentares e perda de peso excessiva nos recém-nascidos por cesariana de conveniência, além de uma duplicação da necessidade de fototerapia por icterícia. Foram estudadas retrospectivamente as cesarianas electivas (efectuadas antes do início do trabalho de parto) realizadas com gestação de 37 e 38 semanas, designadas cesarianas de termo, e feita a comparação com um grupo de bebés nascidos com idade gestacional igual ou superior a 39 semanas.

"Da amostra de 3213 recém-nascidos, quase metade (1427) nasceu antes do tempo referido como regulamentar numa gravidez normal, sem riscos – 39 semanas –, e, neste grupo, o número de internamentos em unidades de cuidados intensivos foi de 3%, valor três vezes superior ao do grupo dos recém-nascidos com idade gestacional considerada ideal. Entre estes bebés foram identificados mais casos de problemas respiratórios, dificuldades alimentares, hipoglicemia (baixos valores de glicose) e icterícia (coloração amarela da pele)", refere o comunicado da Ordem dos Médicos.

Para Cristina Resende, a situação das cesarianas combinadas com a doente, por conveniência, antes das 39 semanas de gravidez, tem melhorado na maternidade Bissaya Barreto, que é analisada no estudo, nos últimos cinco anos.

Contudo, a neonatologista reconhece que, a nível nacional, ainda há algum facilitismo nos partos induzidos ou programados por conveniência entre médico e doente. "Não se deve antecipar o fim da gestão por conveniência. É importante que as grávidas percebam que uma semana de diferença numa gravidez é uma grande diferença. Se tudo estiver bem, o bebé deve ser deixado onde está até ao fim natural da gravidez", afirmou, lembrando que, no entanto, há condições clínicas que impõem a necessidade de uma cesariana.

Aliás, neste estudo foram excluídas as situações de risco como gravidez múltipla, ruptura prematura de membranas, doenças como pré-eclâmpsia, diabetes mal controlada ou malformações congénitas. Como cesariana electiva os autores da investigação consideraram a que é realizada antes do início do trabalho de parto e antes da ruptura das membranas. Com Lusa

Fonte: www.publico.pt