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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Ultrassonografia descarta gravidez de mulher que passou por cesárea

Ela foi ao hospital em Monte Carmelo dizendo estar em trabalho de parto.
Exame feito em outubro já apontava inexistência de bebê, diz clínica.


As duas ultrassonografias realizadas por uma paciente de Monte Carmelo, no Alto Paranaíba, que descobriu que não estava grávida durante a cirurgia de cesariana, apontaram a ausência da gravidez. Cláudia Aparecida Lopes, de 30 anos, deu entrada no hospital na segunda-feira (6) afirmando que estava em trabalho de parto, mas após o procedimento, foi informada de que não estava grávida. Nesta quinta-feira (9) ela teve alta médica e foi para a casa.

Segundo informações repassadas pela clínica responsável pelos exames, Radmed, a mulher fez, inclusive, um ultrassom transvaginal. Os exames foram realizados em outubro do ano passado, quando a paciente acreditava estar no sexto mês de gestação. De acordo com o médico Arthur Rosa Pena Neto, a clínica realizou o procedimento correto, o laudo foi claro e conclusivo e a paciente foi para casa ciente de que não estava grávida.

Cláudia Aparecida fez a cirurgia no Hospital Santa Terezinha. Este seria o terceiro filho da mulher. Segundo familiares, está muito abalada com a situação. O marido da mulher, Alexandro Donizete Oliveira Alves, de 23 anos, disse ao G1 que continua sem entender o que ocorreu e afirmou que Cláudia Aparecida passou pelo pré-natal e fez todos os exames solicitados. “Ela simplesmente teve alta hoje, mas ninguém do hospital me procurou para falar nada e eu também não vi mais o médico que fez a cirurgia. Eu só quero saber a verdade e vou atrás dela”, disse.

Alexandro Donizete disse que chegou a ver as ultrassonografias, mas que não entendia os exames. O jovem afirmou ainda que a mulher passou por cerca cinco consultas durante os nove meses e que fez exame de urina para confirmar a gravidez. “Ela não fez o teste de sangue porque o médico disse que não precisava, pois só de olhar a barriga dela e os sintomas já dava para ter certeza de que ela estava grávida”, salientou.

Cláudia Aparecida está em casa, mas continua sendo medicada. O esposo disse que quando olham para o quarto e para as roupas que seriam do bebê, o sentimento é de tristeza e frustração. “Se era gravidez psicológica como dizem tinha que ter sido diagnosticada antes ou durante as consultas e não depois de cortar a barriga da minha mulher”, concluiu.

Investigações
A delegada de Polícia Civil Cláudia Coelho Franchi informou que, analisando as ultrassonografias, percebe-se que não houve gravidez. Para descartar qualquer hipótese, Cláudia Aparecida fez nesta quarta-feira (8) um exame de sangue para identificar se havia ou não um feto no útero da mulher. O inquérito foi instaurado e deve ser finalizado em 30 dias. “Vamos ouvir testemunhas e avaliar os documentos apresentados”, relatou.

Cláudia Coelho disse que também está sendo apurada uma possível falsificação da caderneta de acompanhamento pré-natal e ressaltou que o médico se dispôs a prestar todos os esclarecimentos possíveis.

O corregedor do CRM-MG, Alexandre de Menezes Rodrigues, também falou com o G1 e disse que foi instaurada uma sindicância interna para saber onde ocorreu o erro. “Não sabemos ainda o que motivou a realização da cesárea e tudo tem que ser investigado”, afirmou. Alexandre de Menezes contou que o Conselho tem até 90 dias para apurar o caso.

Relembre o caso
A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (CRM) de Minas Gerais apuram o caso de uma mulher de 30 anos que passou por cesariana e após cirurgia foi informada que a gravidez dela era psicológica e que não havia nenhum bebê. Ela deu entrada no Hospital Santa Terezinha, em Monte Carmelo, onde fez o procedimento. Este seria o terceiro filho da mulher.

Em reportagem anterior, o G1 entrou em contato com o hospital e o médico que realizou a cirurgia, José Tomaz de Oliveira, se pronunciou através de um e-mail dizendo que a paciente esteve no consultório dele duas vezes e que não tinha aparelho de ultrassonografia. Já a respeito da cesariana e dos possíveis exames realizados pela paciente, nenhum dado foi repassado pelo médico.

Na ocasião, o marido da mulher, Alexandro Donizete Oliveira Alves, de 23 anos, contou que há nove meses a mulher suspeitou que estivesse grávida, fez um exame de farmácia e deu positivo. "Marcamos uma consulta e o médico confirmou a gravidez, dizendo até que era um menino. Pagamos pelo pré-natal e ela chegou a fazer a ultrassonografia. Em um dos exames o médico disse que ela não poderia ter parto normal, pois a criança estava sentada e teria que optar pela cesariana”, relembrou.

Alexandro Donizete disse que o parto foi marcado para segunda-feira (6) e que a mãe dele iria acompanhar a cirurgia. “Minha mãe ficou do lado de fora aguardando ser chamada quando veio a notícia que se tratava de uma gravidez psicológica. Minha mulher estava com um corte enorme na barriga e disseram para nós que simplesmente não tinha bebê. Foi aí que chamei a polícia e registrei um Boletim de Ocorrência (BO)”, ressaltou.

Outro lado
No e-mail enviado ao G1, o médico disse que há 45 anos atua na área e que ao longo da carreira realizou inúmeros procedimentos, dentre eles em torno de nove mil partos e cesarianas. Ele informou que não conta com aparelho de ultrassonografia e quando há a necessidade na realização desse exame ele encaminha as pacientes para os serviços existentes na cidade. Disse também que a investigação está a cargo da polícia e que os órgãos podem contar com a colaboração dele, pois quer transparência na apuração dos fatos.

O médico salientou que Cláudia Aparecida Lopes esteve apenas duas vezes no consultório dele. Sobre a operação, ele foi informado por funcionários do hospital que o prontuário e demais documentos já estão com a polícia e que o médico não se pronunciaria sobre o fato e nem entraria em detalhes para não comprometer as averiguações.

Fonte: Globo.com