Falta de documentação argentina atrasa procedimento que pode salvar os movimentos das pernas de Paula Blume, do RS
Uma estudante brasileira do estado do Rio Grande do Sul está internada em um hospital na Argentina desde o dia 21 de julho, após sofrer um acidente de carro no qual fraturou a coluna. Ela aguarda uma cirurgia que substituirá a vértebra quebrada por uma prótese. O procedimento, que deveria ser feito com urgência, já foi adiado três vezes por problemas burocráticos.
Paula Blume, aluna de História na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) viajou com amigos para a Argentina em 19 de julho. Dois dias depois, na província de La Pampa, região central do país, o carro em que a estudante estava com mais quatro pessoas capotou, provocando a fratura de sua bacia e de uma vértebra da coluna.
Ela foi levada ao Hospital Dr. Lucio Molas, em Santa Rosa, mas, como é estrangeira e o hospital onde está internada é público, a operação só pode ser feita depois de autorização da Secretaria de Saúde Pública local, que é esperada pela paciente, familiares e amigos há 12 dias. Nesta quinta-feira (01/08), eles receberam a informação não oficial de que a cirurgia, prevista para a próxima segunda-feira (05), seria adiada novamente, remarcada para o dia 07 de agosto.
“Um dos primeiros relatos do médico foi que ela teria que realizar essa cirurgia o quanto antes”, contou a Opera Mundi Tatiane Vasconcelos, amiga de Paula. “Ela corre o risco de ficar paraplégica”, ressaltou. A operação foi inicialmente agendada para a última quinta-feira (25/08), mas vem sendo remarcada desde então, sem explicações por parte do hospital ou do governo argentino.
Tatiane lembrou ainda que o médico orientou que Paula permanecesse imóvel até o dia da cirurgia, porque o menor movimento poderia prejudicar ainda mais a coluna, porém, como a estudante não está imobilizada, é impossível prevenir pequenos movimentos que causam bastante dor, apesar da morfina aplicada. Ela afirmou que o grupo que estava com Paula entrou em contato com o Consulado brasileiro, que está ajudando na comunicação com os argentinos.
Alexandre Ghiot Costa,que permaneceu na Argentina até a última terça-feira (30/07), afirma que ele e os outros amigos tentaram levar a estudante para a capital argentina, mas foram desaconselhados pelo cirurgião-chefe do hospital, que alertou para o perigo do transporte. “Ele nos convenceu a não tentar transportá-la para Buenos Aires, disse que devíamos deixá-la lá porque a cirurgia era de grande risco e garantiu a operação para o dia 25”, disse.
Ele disse também que nenhuma das informações que obtiveram era oficial, porque “não falam conosco no hospital”. O Itamaraty e uma ONG argentina auxiliam na comunicação. “O adiamento da cirurgia para o dia 07 de novo não é oficial, não falam conosco. O governo argentino informou a ONG, que falou com o Itamaraty, que falou com a gente”, afirmou.
Entretanto, justificativas diferentes foram dadas para a nova data da operação, segundo Costa. “Para a Silvia [Troska, amiga que permaneceu com Paula e a mãe na Argentina], disseram que não há lugar para fazer a cirurgia no hospital. Para o cônsul Carlos Marques, que o médico não estaria lá na segunda, só na quarta”, declarou ele.
Costa, que faz parte de um grupo que permanece em vigília em frente ao Consulado da Argentina em Porto Alegre para cobrar ações e explicações, disse que Paula não está sendo estabilizada para a realização do procedimento cirúrgico, como afirma o hospital, mas o contrário. “Ela entrou em prantos quando soube que a cirurgia seria adiada mais uma vez”, contou.
Amigos de Paula começaram uma mobilização em Porto Alegre para exigir do Itamaraty e do governo da Argentina uma solução para o caso da estudante, com a vigília e uma campanha para arrecadar dinheiro para manter as acompanhantes dela no hospital. Eles pedem que a cirurgia seja oficializada e realizada o mais rápido possível. Nas redes sociais, contam com o apoio do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFRGS.
A assessoria do Itamaraty, entretanto, informa que não há informações de que a cirurgia tenha sido novamente adiada. Uma fonte do Ministério, citada pelo portal Terra, informa que “a situação está sob controle”, apesar do risco de Paula perder o movimento das pernas caso a operação não seja realizada em breve.
Fonte: UOL/Ópera Mundi
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.