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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mais Médicos: Os forasteiros

Leonardo, 32, e Tanira, 28, se formaram em medicina na Argentina, sofreram preconceito e, de volta ao Brasil, foram selecionados

Ele saiu de Pirituba (zona norte da cidade de São Paulo) e ela de Santa Rosa (RS) para realizar um sonho em comum: estudar medicina. De famílias simples, Leonardo Fabrício Diniz Abreu, 32, e Tanira Remus Zamim, 28, não conseguiriam arcar com as despesas de uma faculdade particular no Brasil.

Por isso, foram para a Argentina para poder estudar. Lá, se conheceram, se formaram e tiveram uma filha. De volta ao Brasil neste ano, ambos estão entre os 1.618 médicos selecionados na primeira rodada do programa Mais Médicos, do governo federal.

Nos últimos anos, o que mais incomodou o casal foi se sentir forasteiro. Foram oito anos longe da família e dos amigos, vivendo em uma terra desconhecida e com um idioma nem sempre compreensível.

Tanira afirma que sofreu muito preconceito por ser uma ``forasteira``. Conta ter visto muitos colegas brasileiros desistirem no meio do curso pela saudade de casa e pela incerteza em relação a poder um dia retornar e exercer a medicina no Brasil.

Apesar das dificuldades, Leonardo diz que valeu a pena, pois conseguiu sobreviver com R$ 1.800 por mês enviados pelos pais para custear todas as despesas, como faculdade, moradia, transporte e comida. ``No Brasil, a mensalidade de qualquer faculdade de medicina não sai por menos de R$ 5.000. Não teria condições``, afirma.

Ele diz não ver diferença de qualidade entre uma universidade particular argentina e uma brasileira.

Leonardo e Tanira estudaram na mesma sala no Instituto Universitário Héctor Barceló, em Buenos Aires. Foram seis anos de curso e mais um de internato para então conseguir o sonhado diploma.

Após a graduação, o casal ficou mais um ano na Argentina para trabalhar e fazer um pé-de-meia. ``Trabalhamos no interior da Argentina, com todas as dificuldades de equipamentos e exames que também vemos nas áreas mais carentes do Brasil``, diz ele.

Assim que retornou ao Brasil, em abril deste ano, o casal voltou a se sentir ``forasteiro``, com os diplomas nas mãos e sem poder trabalhar. Eles contam que fizeram a inscrição nas provas das universidades federais que fazem a revalidação do diploma --já fizeram uma delas. ``O problema é que, se não passarmos, só poderemos prestar no ano que vem. É mais um ano parado, sem trabalhar``, diz Leonardo.

Com o fim das economias, Leonardo e Tanira agora contam com a ajuda dos pais para sobreviver.

Para eles, o programa Mais Médicos foi uma forma de ingressar rapidamente no mercado de trabalho e ainda ter uma bolsa de R$ 10 mil.

Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana aponta que, dos 1.618 médicos selecionados na primeira rodada do programa, 164 são como Leonardo e Tanira, brasileiros que se graduaram em outros países.

Esses 164 brasileiros estão contabilizados entre os 522 profissionais que atuam no exterior --os demais 358 são estrangeiros. Assim como os demais candidatos, Leonardo e Tanira assinalaram seis opções de locais onde tinham interesse em trabalhar. A primeira era São Paulo, para ``não precisar mudar de casa nem modificar a rotina``.

Os dois se consideram sortudos, pois foram contemplados com a primeira opção, mas ainda não sabem exatamente em qual bairro serão alocados. ``Ganhamos a oportunidade de o nosso país abrir novamente a porta para nós``, afirma Tanira.

Fonte: Folha de S.Paulo / GIOVANNA BALOGH