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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pacientes estão mais vulneráveis a erro em consultórios odontológicos do que em hospitais

Erros de diagnóstico, falta de atenção ao paciente, uso indiscriminado de medicamentos são eventos adversos comuns dentro desse ambiente

Quando entramos em um consultório odontológico para fazermos qualquer tipo de procedimento, seja simples como uma limpeza ou mais complexo como uma cirurgia, muitas vezes não sabemos a quais riscos estamos expostos. Os profissionais de clínicas também não estão atentos a essa questão. De acordo com a odontologista Isabela Castro, os pacientes estão mais vulneráveis ao erro dentro de um consultório odontológico.

“Hospitais, apesar de possuírem cenário com grandes nuances que podem levar ao erro, já ingressaram no universo da segurança do paciente bem antes da odontologia e, por isso, tiveram a oportunidade de se organizar e estruturar barreiras e ferramentas para redução de risco”, aponta. “Estamos muito atrasados no tema da segurança do paciente para a Odontologia, e esse assunto é de extrema relevância para a sociedade e para as boas práticas na saúde.”

Isabela explica que dentro de uma instituição odontológica podem acontecer os mais variados eventos, dos mais simples, até eventos mais graves, com dano ao paciente, ou mesmo ao próprio profissional e à sua equipe. “Não é raro acontecer eventos como a extração de dente errado, complicações na anestesia local, acidentes com eventos de engasgos ou broncoaspiração, seja da água usada pelo motor de alta rotação, o temido motorzinho, ou ainda por saliva, materiais manipulados durante procedimento ou ainda de dentes e coroas protéticas. A natureza do evento, porém, não está apenas relacionada aos procedimentos, ela tem relação com a especialidade principal a que o cirurgião dentista se dedica”, explica.

Grupos de risco
Castro ressalta que o cirurgião deve estar alinhado também às necessidades dos grupos mais vulneráveis, tais como pacientes idosos ou com necessidades especiais. Nesses grupos, a atenção deverá ser redobrada. “É preciso ter um conhecimento altamente ampliado para indicação segura de qualquer tipo de terapia nesses grupos. Já vi casos de o paciente chegar ao CTI porque engoliu peças de implante ou prótese durante um procedimento odontológico”, relata.

Outras situações mais complexas também podem acontecer, mesmo a médio prazo. Se o dentista não valorizar o questionário de saúde do paciente e todas as suas informações prévias, os danos podem ser graves. “Uma complicação que pode ocorrer é a osteonecrose dos maxilares, uma ferida altamente dolorosa e de tratamento longo e difícil, que pode ser induzida por extração de um dente de paciente que faz uso de bifosfonado ou que recebeu tratamento para o câncer previamente”, exemplifica.

Além desses, Isabela cita vários outros erros que, com simples medidas, poderiam ser facilmente evitados. “Já entrei em consultório em que os instrumentos cirúrgicos eram ‘esterilizados’ com água fervente”, conta. Ela cita ainda outros que são igualmente preocupantes, como:

– erros de diagnóstico e terapêutica, que faz o paciente perder o tempo de cura;

– erro no planejamento e técnica na extração do dente que pode ocasionar na entrada do dente no seio maxilar;

– uso indiscriminado de antibióticos;

– falta de conhecimento nos protocolos e indicações de prescrição frente a Endocardite infecciosa;

Isabela explica que a melhor forma de ampliar a segurança do paciente e da própria equipe em ambiente odontológico é por meio da revisão de todos os seus processos de trabalho. “A criação de modelos padrão, checklists e instrumentos confiáveis servem de barreira contra o erro e também geram dados, que poderão ser avaliados para construir ciclos de melhoria contínua”, garante.

Saiba mais
Uma maneira de clínicas odontológicas aprimorarem a segurança do paciente é por meio da acreditação, a certificação concedida a instituições de saúde que seguem padrões de qualidade e segurança.

A Organização Nacional da Acreditação (ONA) é a maior certificadora de qualidade em saúde do país, com mais de 500 instituições certificadas. Desde 2012, a ONA possui um manual de avaliação voltado especificamente para serviçosodontológicos. Entre os itens avaliados estão a capacitação profissional, condições operacionais e de infraestrutura, diretrizes de prevenção e controle de infecções, entre outros. Atualmente, apenas duas clínicas alcançaram os padrões exigidos para acreditação ONA: os Centros de Especialidade Odontológica em Cascavel e Limoeiro do Norte, ambos no Ceará.

O processo de acreditação é voluntário, ou seja, é feito por escolha da organização de saúde. As informações coletadas em cada organização durante o processo de acreditação são confidenciais e ajudam as instituições na melhoria contínua da assistência.

Fonte: IBSP