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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mulher tem trombose ao usar pílula anticoncepcional: 'Pode ser fatal'

Doença foi diagnosticada após seis meses de uso do remédio, em Goiás.
Ginecologista explica que evento é raro, pode ser evitado, mas é grave.


Após a repercussão dos casos de mulheres diagnosticadas com trombose venosa cerebral devido ao uso de pílula anticoncepcional, outras pessoas que tiveram o mesmo problema resolveram contar o seu drama, como a dona de casa Marizete Macedo, 46 anos. Moradora de Rio Verde, no sudoeste goiano, ela chegou a ter o lado esquerdo do corpo paralisado e a fala comprometida devido à doença. A paciente alerta para o uso de contraceptivos orais: “Quando o médico falar que precisa usar anticoncepcional peça o exame, porque a trombose pode ser fatal".

Marizete conta que começou a usar pílula em junho do ano passado, como forma de tratamento. “Eu estava com o útero muito grande e teria que fazer uma cirurgia. Eu não quis. O médico então optou por fazer um tratamento com anticoncepcional”, relata a dona de casa.

Seis meses depois de fazer uso diário da pílula anticoncepcional, a paciente começou a ter fortes dores de cabeça, vômito e intolerância à claridade. Diagnósticada como se estivesse com enxaqueca, ela foi internada, mas o estado de saúde piorou e ela teve o lado esquerdo do corpo paralisado.

“Eles repetiram os exames e apareceu que eu tinha dado uma trombose. Eu já estava com hemorragia cerebral. Eles me perguntaram se eu fumava, se eu bebia, se eu tinha usado anticoncepcional. E aí eu falei para eles que tinha seis meses que eu tinha usado o remédio. Então foi o anticoncepcional que causou a minha trombose”, conta a dona de casa.

Os médicos que atenderam Marizete constataram que ela tinha uma mutação em um dos cromossomos, o que aumenta o risco de trombose. Segundo uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), 15% das mulheres possuem esse problema genético. O uso de anticoncepcional aumenta as chances de essas pessoas desenvolverem a doença.

O problema é que muitas mulheres fazem uso indiscriminado da pílula contraceptiva. Além disso, muitos ginecologistas não pedem que a paciente faça o exame que detecta a alteração genética.
“Quando a paciente chega em nosso consultório, é feita a triagem clínica, se ela tiver fator de risco ou fator familiar, aí é pedido, com certeza, os exames específicos. Mas se a paciente não tem nenhum problema de saúde, o médico vai optar pelo anticoncepcional o efeito colateral”, disse o ginecologista Victor Reges Nunes Teixeira.

Um ano depois após ter diagnosticado a trombose, Marizete ainda vive com restrições. “Eu não posso cair, eu não posso ter pancada, porque se não pode criar novos trombos. Eu não posso comer verduras, coisas verdes. Hoje eu tenho medo, traumas, depressão”, relata a dona de casa.

Evento raro
O presidente da Sociedade Goiana de Ginecologia, Maurício Machado da Silveira, explica que a incidência desse efeito colateral é rara. “A incidência é de dois a cada 100 mil, um evento raro, mas grave, por isso que está chamando a atenção. Todas as pessoas têm risco para trombose, as pílulas antigas elevam em duas vezes o risco de ter a trombose”, afirma o médico.

O ginecologista explicou ao G1 que, além das pílulas, os anticoncepcionais que possuem estrogênio em sua formulação aumentam o risco de trombose, como os injetáveis mensais, os adesivos e o anel vaginal. Já os injetáveis trimestrais, DIUs (Dispositivos intrauterinos), a pílula de progesterona pura e os implantes subdérmicos não causam esse efeito colateral.

De acordo com o ginecologista, uma boa consulta com o médico por identificar a probabilidade de a mulher ter trombose devido ao uso de anticoncepcional. Ele diz que as pacientes não precisam se alarmar, mas devem procurar qual método contraceptivo podem usar.

“Principalmente as pacientes que têm condição de risco, por exemplo, quem fuma, quem tem problemas cardiovasculares, quem tem problemas de trombose, passado gestacional com abortos, essas pacientes são de risco e devem procurar um médico para fazer esse rastreamento e, se houver necessidade, pedir esse exame”, explicou Maurício.

Outros casos
A professora universitária Carla Simone Castro, 41 anos, que também foi diagnosticada com trombose venosa cerebral após usar pílula anticoncepcional, criou a comunidade “Vítimas de anticoncepcionais. Unidas a favor da vida” no Facebook. O objetivo do projeto é ajudar as pessoas que tiveram alguma enfermidade pelo uso de contraceptivo e alertar a população.

“Pensamos em, depois de nos recuperarmos, chamarmos a atenção da Anvisa. Estamos questionando a segurança desses medicamentos. Queremos que eles sejam pedidos por receita médica, que tenham mais estudos sobre os riscos. O risco deveria vir estampado na embalagem, assim como nas campanhas de cigarro. Quantas pessoas vão ter que morrer para que isso ocorra?”, questiona a professora.

O caso de Carla ficou conhecido nacionalmente após ela postar um vídeo nas redes sociais para contar aos amigos sobre seu estado de saúde e o que havia acontecido. A gravação repercutiu e já foi compartilhada quase 140 mil vezes.

Fonte: G1/Goiás