Família de Maria Irlene da Silva, 43, diz que profissionais não aceitaram fazer cirurgia porque ela era hipertensa
Familiares de Maria Irlene Soares da Silva, 43, morta anteontem durante uma cirurgia plástica em São Paulo, afirmam que ela procurou cinco médicos nos últimos três anos antes de ser operada pelo cirurgião Wagner Fiorante e foi recusada.
Segundo os parentes, os outros médicos se recusaram a fazer o procedimento por causa dos riscos associados ao quadro de hipertensão de Maria Irlene.
Ela trabalhava como motorista de caminhão e passava por uma cirurgia plástica para a colocação de silicone nos seios, enxerto nas nádegas e lipoaspiração abdominal na Clínica Wagner Fiorante, na Vila Nova Conceição (zona sul). O médico afirma que ela sofreu uma parada cardíaca.
A funcionária pública Maria Alice Soares 45, irmã da paciente, disse que os médicos que recusaram operar Maria Irlene alertaram para o problema de hipertensão. ``Mas era o sonho dela, ela queria fazer a cirurgia. Procurou até encontrar um que fizesse.`` Apenas familiares próximos sabiam da cirurgia.
``Minha irmã não contou para ninguém. Só os filhos sabiam``, afirmou.
O filho de Maria Irlene, o conferente Jefferson Adriano da Silva, 26, afirmou que tentou convencer a mãe a desistir. ``Ela sabia dos perigos de fazer. O médico [Fiorante] falou que ia deixá-la linda e ela se convenceu.``
Ele afirmou ainda que o médico sabia da condição da mãe. ``Ela era hipertensa havia muito tempo. Tinha a doença controlada. O cirurgião realizou os exames e disse que ela estava apta.``
A cirurgia custou R$ 11 mil. Maria Irlene deu uma entrada de R$ 5.000 e parcelou o restante em dez vezes de R$ 600. Ela usou o dinheiro de uma rescisão de trabalho para pagar a entrada, segundo a cabeleireira Pâmela de Souza, 26, amiga da vítima. A família disse que vai processar o médico. Maria Irlene foi enterrada ontem em Osasco.
OUTRO LADO
Hipertensão era controlada, afirma médico
O médico Wagner Fiorante disse ontem que a hipertensão da paciente Maria Irlene Soares da Silva não era impedimento para a realização da cirurgia plástica. ``Ela era hipertensa controlada e isso não contraindica a intervenção.`` Ele afirmou ainda que exames clínicos, laboratoriais e de imagem foram feitos antes do procedimento.
``Durante a cirurgia, a pressão arterial da paciente se manteve em 12 por 8 [normal]``.
Fiorante disse que a motorista teve uma parada cardíaca, mas afirma desconhecer a causa. Ele afirma que a equipe tentou reanimá-la. ``Ela foi entubada. Foram feitos todos os procedimentos para a recuperação da parada cardíaca da paciente``, afirmou o médico.
Fonte: ANA FLÁVIA OLIVEIRA DO “AGORA”
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.