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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cola que caiu no olho esquerdo de bebê é semelhante a Super Bonder

Cola cirúrgica usada por médica de hospital de Jacarepaguá tem a substância cianoacrolato, também presente em cola de bricolagem

RIO — A Polícia Civil vai investigar a médica Rachel Barbedo Pedrosa, que usou uma cola cirúrgica para fechar um corte no supercílio do menino Bruno Lima Furtado, de 1 ano e 7 meses, e deixou cair o produto no olho esquerdo da criança. O caso ocorreu na noite de terça-feira no hospital Rio’s D’Or, no Pechincha, em Jacarepaguá. Bruno havia caído enquanto brincava dentro de casa e tinha sofrido um corte no supercílio ao bater numa mesa. A médica optou pela cola no lugar de fazer uma sutura. O produto tem a mesma substância (cianoacrilato) da cola tipo Super Bonder.

O caso está sendo investigado pela 41ª DP (Tanque), e a polícia enviará um ofício ao hospital para ouvir a médica. Também deverá ser ouvido o oftalmologista Fábio Oliveira, que prestou o segundo atendimento. Segundo o médico, Bruno não corre o risco de ter a visão prejudicada. Ele receitou um gel (para manter o olho lubrificado), um colírio antibiótico (para evitar inflamação) e soro fisiológico (para retirar a cola). O prazo para o olho ser descolado é de sete a dez dias. Caso isso não ocorra, será necessária uma microcirurgia.

Os pais da criança, o servidor público Fabiano Mendonça e a meteorologista Gilmara Furtado, acusam a cirurgiã Rachel Pedrosa de erro médico e pretendem recorrer à Justiça. A cola, de acordo com o casal, atingiu o globo ocular da criança e provocou o fechamento parcial da pálpebra. Os pais afirmam que a médica apertou com muita força o bastão da cola. Por causa do problema, o menino teve que ser internado na própria noite de terça-feira. Fabiano e Gilmara contaram que a cirurgiã ligou para um oftalmologista do hospital, que, no entanto, não pôde ir à unidade prestar atendimento.

— Ele (o menino) estava dormindo durante o atendimento e ficou muito agitado quando o produto caiu no olho. Começou a esfregar o olho, o que piorou a situação. Mas a médica em momento algum pediu a ajuda de uma enfermeira e usou apenas uma gaze com soro fisiológico para tentar retirar a cola. Depois, pediu desculpas e disse que nada além do que ela fez poderia ser feito — disse a mãe.

Gilmara contou ainda que foi obrigada a esperar por quase três horas para Bruno ser internado porque, ao sair de casa correndo, o pai esquecera a carteira do plano de saúde.

— Meu filho já tinha sido atendido e eles tinham como verificar o número da carteirinha com o plano de saúde. Ele só foi internado às 2h.

Na manhã desta quarta-feira, o oftalmologista que atenderia Bruno às 9h não apareceu. O pai do garoto reclamou com a supervisão do hospital e foi obrigado a esperar por outro especialista, que chegou às 10h.

Médico diz que uso de cola é comum

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Orácio Abougibe, o uso da cola cirúrgica é comum.

— Ela cola tudo, assim como a Super Bonder. Até o cheiro é igual. É usada não só por uma questão estética, como também porque é bem mais confortável para uma criança do que os pontos.

Em nota, a assessoria da rede de hospitais D’Or informou que Bruno chegou à unidade com uma lesão de aproximadamente 5 milímetros de comprimento, “que foi tratada com um tipo de cola cirúrgica, indicada para pequenas lesões como alternativa ao uso de pontos convencionais”. A direção disse estar à disposição da família e que prestará todo o atendimento necessário. Ainda segundo a nota, o hospital afirmou que “algumas adversidades inerentes ao uso deste medicamento podem acontecer” e reiterou que o oftalmologista não constatou qualquer complicação tanto na córnea como no globo ocular do paciente.

A direção do hospital entrou em contato com a médica, que informou não se sentir confortável para falar com a imprensa. Rachel disse à assessoria da rede que optou pela cola por uma questão estética, para a cicatriz ficar menos aparente. O GLOBO também tentou entrar em contato diretamente com a cirurgiã, mas não obteve retorno. Rachel é médica especializada em cirurgia geral e trabalha no Rio’s Dor desde que ele foi inaugurado, há três anos.

A assessoria do Cremerj informou que casos como o de Bruno podem ser encaminhados ao órgão como denúncia pelo paciente ou pelo responsável. O Cremerj acrescentou que pode ainda investigar o caso com base nas informações da imprensa. O conselho abre uma sindicância e, quando necessário, inicia um processo ético contra o médico.

Em 2011, outro bebê teve perna amputada após erro em cirurgia

Em março de 2011, um bebê de 18 dias teve a perna amputada devido a um erro médico, após sofrer uma queimadura durante uma cirurgia no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, no Flamengo. A pequena Camile Vitória Nascimento nasceu com hidroanencefalia grave —ausência dos hemisférios cerebrais, que são substituídos por bolsas cheias de líquido — e precisou ser operada.

Durante o procedimento na cabeça da menina, que durou pouco mais de 20 minutos, segundo a família, uma placa colocada para a utilização do bisturi elétrico teria queimado a perna direita do bebê.

Fonte: O Globo