Informação é do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Após cirurgia, pacientes só podem tomar injeção no braço.
Mulheres brancas, com média de 28 anos e bumbum achatado. Esse é o grupo responsável pelo aumento na procura por cirurgias de implantes de silicone nos glúteos, segundo avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sebastião Edy Guerra. “O segredo da brasileira é o bumbum avantajado. Quem nasceu sem, agora aprendeu que pode ter também”, diz ele.
O crescimento na demanda fez a entidade pedir um levantamento sobre o assunto para um instituto de pesquisas. Os resultados devem ficar prontos no próximo mês.
Guerra estima que cerca de 6 mil cirurgias do tipo tenham sido realizadas no último ano. “A minha observação é que de 2008 para cá houve um aumento de mais ou menos 20% no número de cirurgias. Ainda é muito menos que, por exemplo, as operações de mama, mas é um número que está crescendo bastante”, afirma.
A Silimed, principal fabricante de próteses de silicone do país, também vê crescimento. Em 2007, a empresa vendeu 2.502 próteses para glúteos (cada cirurgia usa duas próteses). Em 2008, foram 3011. E em 2009, 3586. Segundo a SBCP, a Silimed é responsável por 60% do mercado de próteses.
Nesta quinta-feira (22), foi lançado no Brasil o “Big Butt Book”, da editora Taschen, que promete trazer os mais belos bumbuns dos últimos 110 anos. Apesar da fama, as brasileiras estão pouco representadas na obra. O único exemplar nacional na obra é o de Andressa Soares, a Mulher Melancia.
A funcionária pública paulista Irene Andrade, de 41 anos, foi uma das mulheres que passaram pelo procedimento. No final de junho, ela colocou uma prótese redonda de 360 ml. “Meu bumbum sempre foi pequeno e com o tempo e a lei da gravidade, caiu. Cheguei a usar calcinha com enchimento de espuma. Quando soube da possibilidade de colocar silicone fiquei muito entusiasmada e fui atrás”, conta.
“O resultado foi maravilhoso. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Qualquer calça cai bem, estou muito satisfeita. Ficou um bumbum redondinho, durinho e empinado”, afirma ela.
A atriz Ísis de Oliveira, de 50 anos, também encarou a “gluteoplastia”, como a cirurgia de implante é chamada entre os médicos. Sua primeira visita ao consultório foi para corrigir a prótese que já tinha nos seios, impactada pela cirurgia de coração pela qual a atriz passou. Para fazer a correção, o cirurgião sugeriu a retirada de gordura das nádegas para preencher o espaço que havia sobrado entre silicone e mama, conta Ísis. E, para compensar a perda, ela optou por uma pequena prótese de silicone nas nádegas.
O resultado final foi aprovado. “Ficou ótimo. Sou a mesma pessoa, estava dirigindo dois dias depois. Não é nenhum bicho de sete cabeças”, conta.
De acordo com Guerra, a grande maioria das pessoas que fazem a cirurgia são mulheres. “Homem não chega nem a 1%. A maioria [delas] tem entre 22 e 35 anos -- a média é 28”, conta.
A última pesquisa encomendada pela Sociedade – sobre cirurgias plásticas em geral, de 2009 – revela que o campeão na preferência das brasileiras ainda é o implante de silicone nas mamas. O bumbum vem em um distante nono lugar, com apenas 1% do total de cirurgias estéticas realizadas.
Tanto Ísis quanto Irene contam que só fizeram a cirurgia após muita conversa com o cirurgião e pesquisa. A funcionária pública conta que chegou até a assistir um vídeo de uma cirurgia para saber exatamente o que iria acontecer.
A conversa é importante porque, segundo o presidente da SBCP, nem toda mulher pode operar. “É uma cirurgia simples, mas que não é para todas. Muitas vezes para uma mulher que só quer dar uma pequena ressaltada vale mais a pena fazer só uma lipoaspiração na região”, orienta.
Não é para todas, nem todos os médicos fazem. Segundo Sebastião Guerra, apenas 10% dos cirurgiões plásticos topam fazer a cirurgia. Dentre os que preferem recusar o procedimento está o chefe do departamento de cirurgia plástica da Escola Paulista de Medicina, Luiz Eduardo Habla.
“O risco de complicações é maior [do que em cirurgias plásticas comuns]. Quando explicamos tudo para a paciente, ela acaba desistindo. (...) Eu não opero”, conta. O risco principal, segundo ele, é o de infecção. “A incisão é feita na curva do bumbum, perto do cóccix, que é uma região bastante exposta a bactérias”, explica Habla.
Irene encarou uma pequena complicação após sua cirurgia. Após cinco dias, teve que voltar ao centro cirúrgico para colocar um dreno no local da incisão, para limpar o líquido que é produzido pelo organismo na cicatrização. Segundo Habla, o procedimento é comum. “Dreno, quase todas vão ter que colocar”, explica.
Além disso, o médico da Unifesp conta que a dor na região é "considerável". Nas “gluteoplastias”, a prótese, mais alongada e resistente que a de mama, é colocada entre dois músculos. Algumas mulheres podem ficar com dor por até três meses. “É uma dor muscular”, conta Irene. “É como quando você faz academia e fica dolorido”, explica.
Ísis de Oliveira conta que não sofreu tanto. “Depois de uma cirurgia do coração, essa dor não é nada”, afirma. Operada na quinta-feira 24 de junho, ela conta que já estava dirigindo no sábado, 26. “Tem gente que acha que precisa ficar dois meses de bumbum pra cima. Não é nada disso”, diz ela.
De fato não é, dizem os médicos. “A recomendação é que se fique de três a quatro dias em repouso absoluto”, afirma Haddad. “A paciente já senta no dia seguinte. A prótese não encosta na parte debaixo da cadeira, ela fica mais apoiada no encosto. Pedimos que se evite sentar com as costas apoiadas no encosto por uma semana, depois é vida normal”, conta Guerra.
Vida normal, mas longe de agulhas. “Depois da prótese, injeção só no braço”, alerta Haddad.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.