A direção da maternidade explica que este é o procedimento padrão.
"Quatro dias está dentro do esperado", diz o ginecologista José Ribamar.
Esperando desde sexta-feira (22) internada na Maternidade Bárbara Heliodora com um bebê morto na barriga, Omelia Abreu da Rocha, que estava grávida de nove meses, entrou em trabalho de parto na tarde desta segunda-feira (25) em Rio Branco, capital do Acre.
Segundo os familiares, a paciente estava recebendo medicação no colo do útero para induzir o parto desde o sábado (23). Eles informaram ainda que o parto deve ocorrer na madrugada desta terça-feira (26). Se isso não acontecer, a direção do hospital irá fazer novos exames na paciente para decidir quais os próximos procedimentos a serem adotados.
Francisca da Rocha é tia da paciente e não entende porque a demora para fazer o procedimento. "Quatro dias, desde sexta-feira. Eu queria que eles fizessem logo a operação dela. Eu fui visitar e achei ela muito quente", disse Francisca, que estava preocupada com uma possível infecção.
O gerente assistencial da maternidade, Dr. Edvaldo Amorin, disse que este é o procedimento padrão em casos de óbito dentro do útero. "Existem protocolos médicos adotados em qualquer hospital do Brasil. Para gravidez que termina em óbito dentro do útero, a conduta é essa", informou o médico.
De acordo com os parentes, os partos cesáreas são comuns na família. "As irmãs dela não têm filho com parto normal, entram em trabalho de parto, mas não conseguem ter passagem", lembra Sônia Castro, parente do marido de Omelia.
Para o diretor do hospital, isso não influencia no caso. "Não tem infecção nenhuma, a família está preocupada e a gente entende, mas tem que fazer o que é correto", explica.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Acre, o ginecologista obstetra José Ribamar, a maternidade está agindo corretamente. "O tempo de quatro dias está dentro do esperado, poderia ter demorado até mais", informa Ribamar.
Ele explica ainda que a indicação para óbito no útero é que seja induzido o parto normal, já que tem menos risco de infecção. "A conduta é estimular e ir acompanhando através de exames de sangue para ver se tem alguma infecção na mãe. Verificar se têm fatores de coagulação, e observar o ritmo das contrações uterinas", disse o médico.
Para o ginecologista, a preocupação dos familiares é normal, mas é importante lembrar que o organismo da mãe vai se preparando para eliminar o feto. "Os critérios são as condições da mãe, se não apresenta infecção ou algo grave". Ele explica que procedimentos mais radicais só devem ser realizados em situações extremas, quando apresenta algum risco para a mãe.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.