Equipe do Tem Notícias acompanhou a situação no hospital.
Alguns doentes chegam a esperar seis meses para iniciar o tratamento.
A equipe do Tem Notícias acompanhou a situação de doentes que sofrem em busca de tratamento e cura na Santa Casa de Sorocaba (SP). Imagens mostram pacientes com câncer de próstata à espera de tratamento, enfrentando uma fila que demora mais de seis meses e coloca vidas em risco.
Este é o caso do pai da empregada doméstica Maria Vilma Freire Vitorino. Há quase um ano, o pai dela descobriu um câncer na próstata. A doença já está em estágio avançado e ele não pode mais passar por cirurgia. A esperança agora é a radioterapia, porém, já se passaram quatro meses esperando pelo tratamento e a previsão é de que ele seja chamado somente em março.
"A gente fica triste, porque é uma doença difícil e as chances são poucas. A família fica angustiada porque a demora é muito grande e a gente não sabe se a pessoa vai sobreviver até lá", desabafou Maria.
Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União, em 2011, aponta que apenas 16% dos pacientes do Sistema Único de Sáude (SUS) iniciam o tratamento contra o câncer em, no máximo, 30 dias, que é o tempo considerado de resposta rápida. Segundo os especialistas, esse é um fator importante para determinar o tipo do tratamento.
"Em muitos casos, a longa espera pode agravar o quadro do paciente. Já que o tratamento adequado é definido pelo estágio em que está o câncer. Por isso, é necessário um diagnóstico precoce para assim garantir uma maior qualidade de vida para o paciente", explicou o urologista Bráulio Passos.
Além dos problemas com o tratamento de câncer de próstata, as imagens registradas na Santa Casa de Sorocaba também mostram corredores lotados de pacientes em macas aguardando por internação. E ainda quartos lotados, com doentes flagrados sem roupa, sendo a maioria idosos.
Outro problema detectado mostra que exames de ultrassonografia não estão sendo realizados. Segundo a Santa Casa, não há médico para operar os dois equipamentos disponíveis. O hospital informa que o médico responsável pelo setor enfartou há cinco meses e, como o hospital paga o valor da tabela do SUS, nenhum profissional quer a vaga.
Por contrato, a prefeitura colocou um médico para fazer os exames, mas ele entrou em férias e novamente os exames pararam. Enquanto ninguém é contratado, os pacientes estão sendo encaminhados ao hospital Santa Lucinda, conforme a demanda que eles podem atender.
A auxiliar de compras Denise Santos Sá Teles sofreu com a falta de ultrassom na Santa Casa. Ela foi levada ao hospital, no último fim de semana, com fortes dores abdominais e teve que pagar para fazer o exame no Hospital Santa Lucinda.
"Se eu não fizesse o exame, eles iam continuar me mandando para casa só a base de um remédio e de soro. Mas, mesmo assim, a dor não passava. Senti muita dor", contou a auxiliar de compras.
A TV TEM entrou em contato com os responsáveis pelo atendimento no hospital. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, este serviço é responsabilidade da prefeitura. Cabe à Santa Casa, conforme a diretriz do SUS, pedir ao Ministério da Saúde o credenciamento de mais vagas.
Já a prefeitura, em relação à radioterapia, informa que a cidade já foi contemplada com um novo aparelho pelo plano de expansão de radioterapia, do Ministério da Saúde. Enquanto o aparelho não é instalado, os pacientes do hospital devem ser encaminhados para outros municípios que possuem vagas.
Questionada sobre os corredores lotados, a direção da Santa Casa afirma que a demanda é muito grande, porque o hospital recebe pacientes de toda a região. Eles explicam que, atualmente, há 27 leitos de observação, mas eles acabam sendo usados também pelos doentes que estão internados, mesmo que seja no corredor. No total, são 75 vagas para internação clínica. A diretoria da Santa Casa também relata que o quadro médico é insuficiente para a demanda, apesar de estar completo.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que disponibiliza, na medida do possível, profissionais para realizar o exame na Santa Casa e também comentou que a prefeitura está fazendo um edital para contratar uma empresa para a prestação do serviço.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.