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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Internação involuntária lidera em clínica 'top' de São Paulo

O vício sempre levou Paulo (nome fictício), 34, aos extremos. Uma overdose quase o levou à morte há quatro anos.

Em outro teste de seus limites, recebeu uma mala com 1.500 comprimidos de ecstasy num aeroporto, que seriam distribuídos em São Paulo. Nunca foi preso.

Foi internado duas vezes. Na primeira delas, foi à clínica Greenwood, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), contra a vontade. Um mês ali custa cerca de R$ 30 mil.

Esse tipo de internação acontece em 90% dos casos, segundo o diretor do estabelecimento, Cirilo Tissot. Ele explica que mesmo os que entram por vontade própria passam posteriormente pela fase de negação. "É quando o dependente diz: 'gostei da clínica, mas agora quero sair'."

Nas internações, que duram até um ano e meio, antes da total aceitação do tratamento, os internos vivem também um período de depressão. "Isso acontece quando eles se dão conta de que não poderão nunca mais fazer aquilo que eles gostam, no caso, usar a droga."

Após o fim da internação, na unidade de Itapecerica, os pacientes iniciam um tratamento ambulatorial, com visitas à unidade chamada de hospital-dia, na capital paulista. Ali, os pacientes passam por consultas periódicas.

QUEBROU A EMPRESA

Há um ano e dez meses internado em Itapecerica, Paulo não usa crack, mas é viciado em cocaína e, por quase dois anos, consumiu um comprimido de ecstasy por dia.

Formado em sistemas de informação pelo Mackenzie, o jovem estudou no colégio Santa Cruz "a vida toda". Cresceu no Alto de Pinheiros, zona oeste paulistana, na casa confortável do pai, um empresário.

Está na segunda internação. Na primeira, ficou por um ano e dez dias. "Fiquei mais dez meses limpo depois da internação, mas recaí em 2011. Tomei punhados de remédios sem prescrição e, depois, voltei a usar cocaína", lembra.

Antes da segunda passagem pela clínica, quebrou a empresa de investimentos que montou com amigos.

Também causou um desfalque "enorme" no negócio do pai. "Tinha carta branca para fazer investimentos da companhia, mas fiz uma operação errada e o rombo foi grande", disse. Foi nesse período que se acabou na cocaína.

DESCULPA PARA O VÍCIO

Em março de 2011, voltou a ser internado, agora por vontade própria.

"Comecei usando por curiosidade. Fiquei viciado e desenvolvi um estranho vício de querer me aproximar de bandidos", disse.

Ele afirma que uma desculpa para o vício é a doença da mãe, há doze anos em coma. "Eu contava a minha história até para os traficantes, para me vitimizar", conta.

Agora, três vezes por semana, ele passa o dia em sua casa, mas sempre acompanhado por uma pessoa designada pela clínica.

A artista plástica Juliana (nome fictício), 40, é uma das colegas de internação de Paulo. entrou ali por vontade própria. "Depois, me tornei involuntária. Ainda bem que minha família resistiu e eu fiquei", disse.

Moradora dos Jardins, ela diz que usava, em média, cinco gramas de cocaína por dia. Para manter o vício, roubava dinheiro do cofre do pai.

"Me drogo desde a adolescência". Nunca conseguiu ter emprego fixo nem terminou cursos universitários.

"Aos 40 anos, sou dependente dos meus pais."

Fonte: Folha Online