Joachim Meisner, cardeal conservador aliado do papa Bento XVI, defendeu a pílula nos casos de estupro
A Igreja Católica na Alemanha pode aprovar a distribuição de pílulas do dia seguinte a vítimas de estupro por hospitais católicos. A inesperada mudança foi sugerida por um cardeal considerado conservador e aliado do papa Bento XVI, Joachim Meisner, de Colônia. Segundo ele, essas pílulas não provocam aborto.
O cardeal afirmou ter mudado de opinião após dois hospitais católicos se recusarem a tratar uma vítima de estupro, pois se disseram impedidos de prescrever uma pílula do dia seguinte, que é tomada após o sexo para que uma gravidez indesejada seja evitada. O caso, ocorrido no mês passado, gerou polêmica e o cardeal pediu desculpas publicamente, dizendo que a recusa ao tratamento ``nos envergonha profundamente, porque contraria nossa missão cristã``.
A Igreja Católica se opõe firmemente ao aborto e ao controle artificial de natalidade. E muitos católicos consideram que todos os contraceptivos de emergência são abortivos, mas Meisner afirmou que alguns deles simplesmente impedem a fertilização. ``Se um medicamento que previne a concepção é usado após um estupro com o propósito de evitar a fertilização, então, na minha opinião, isso é aceitável``, declarou.
A declaração surpreendeu porque o cardeal é conhecido por suas posições conservadoras. No passado, Meisner, de 79 anos, disse que as pílulas do dia seguinte eram abortivas e por isso deveriam ser rejeitadas.
Uma nota divulgada pelo escritório do cardeal esclarece que essa é uma exceção para casos de estupro de mulheres não casadas pela Igreja. ``A Conferência dos Bispos da Alemanha terá sua reunião regular em duas semanas e esse assunto certamente estará na agenda``, afirmou a Arquidiocese de Colônia. / REUTERS
Fonte: O Estado de S.Paulo
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.