Mato Grosso está bem acima da média nacional de enfermeiros
Mato Grosso está bem acima da média nacional de enfermeiros na composição da Enfermagem: 27,8% são da categoria de nível superior no Estado, enquanto no país são 20,19%. Esse é um importante indicador. É possível inferir, dentre outros motivos, que os auxiliares e técnicos de enfermagem têm se qualificado e permanecido na profissão, o que denota a valorização dela pelos próprios trabalhadores.
Esse e outros dados foram apresentados na última sexta-feira (03/07), pela coordenadora nacional da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Maria Helena Machado.
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, em seminário aberto a estudantes e profissionais de enfermagem, gestores da Saúde e interessados.
O evento, organizado pelo Coren/MT, teve a presença de, além do presidente da autarquia – Eleonor Raimundo da Silva, o conselheiro federal Leocarlos Cartaxo Moreira, a presidente da Associação Brasileira de Enfermagem – Seção Mato Grosso, Rosa Maria Botosso, e gestores em enfermagem de diversas instituições, de unidades de ensino e de unidades de saúde.
O seminário apresentou dados sobre a Enfermagem com o recorte da realidade mato-grossense, comparando com o levantado em nível de Brasil.
Outro dado importante constatado pela pesquisa é a chamada “masculinização da profissão”. Trata-se do aumento numérico de homens em uma profissão até então essencialmente feminina, como é o caso da Enfermagem. Há poucos anos, 95% dos trabalhadores do Cuidar eram mulheres. Hoje, são 83,7% em Mato Grosso, o que corresponde a um quantitativo de 15,9% de homens (a diferença de 0,4% é de questionários sem resposta nesse campo). O Estado também está acima da média nessa transformação: no país, o índice de homens é de 14,4%.
Masculinização em uma profissão (da mesma forma que o advento da mulher em uma profissão essencialmente masculina) é motivo de algumas potenciais transformações: a profissão tende a conquistar algumas especialidades que não eram do perfil feminino, ganha maior inserção na política (ponto determinante para o reconhecimento da profissão) e ocorre um aumento da média salarial. Infelizmente, o Brasil ainda é um país machista e algumas conquistas são alcançadas mais rapidamente se houver o referencial masculino – o que não impede, é claro, de acontecer pela luta das mulheres.
A Enfermagem mato-grossense, seguindo tendência nacional, é uma profissão jovem (58,4% dos trabalhadores têm até 40 anos), concentrada na capital (60%), formada por pretos e pardos (67,1%), ativa (94,7% dos pesquisados estão atuando na Enfermagem, contra 0,5% de abandono) e empregada em empresas públicas (63,6%).
Os dados mais preocupantes apontados pela pesquisa dizem respeito aos baixos salários (39,2% dos profissionais de enfermagem de Mato Grosso recebem até R$ 1.000 mensais), jornada de trabalho exaustiva (42,6% trabalham mais que 40 horas semanais) e baixas condições de trabalho.
Apesar das atividades extenuantes, os pesquisados narram um ambiente de cordialidade e respeito em mais de 60% dos casos, no que diz respeito ao tratamento oferecido por chefia, equipe de enfermagem e trabalhadores da saúde. No entanto, ainda faltam reconhecimento e bom tratamento por parte da população atendida (apenas 45,8% consideram que são respeitados pelos pacientes e familiares).
A enfermagem é visivelmente constituída por trabalhadores cansados, que avaliam a profissão como desvalorizada, mas que amam o Cuidar e têm esperança de vê-la reconhecida socialmente e financeiramente.
A Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil foi realizada por meio de uma parceria entre o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Fiocruz e, nos Estados, teve apoio dos conselhos regionais. O Coren Mato Grosso esteve bastante atuante na coleta dos dados, por meio de seu então conselheiro regional, Leocarlos Moreira, que compõe o Plenário do Cofen na atual gestão.
Fonte: COREN-MT
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.