Bebê de cinco dias não resistiu depois de receber uma dose de soro com glicose na UPA do Recanto das Emas
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a morte de um recém-nascido na madrugada da última terça-feira. O bebê de cinco dias teria sido atendido por uma pediatra na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas e recebido uma dose de soro com glicose na veia. Em estado grave, precisou ser transferido para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), mas não resistiu a uma parada cardíaca. O caso é acompanhado pela 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde negou ontem que tenha acontecido qualquer erro médico no atendimento da criança. Acrescentou que o paciente recebeu toda a assistência possível. Em um dos trechos, a pasta detalhou que a criança chegou à UPA do Recanto das Emas à 1h40 “chorosa e hipoglicêmica”.
Em um primeiro momento, o especialista responsável pelo atendimento teria conseguido estabilizar a glicemia e a oxigenação do paciente, mas, com o passar do tempo, apresentou quedas de saturação e extremidades arroxeadas . “Foi oferecido oxigênio, e o bebê, transferido para a sala vermelha (boxe de urgência) em berço aquecido. Foi solicitado leito de UTI (unidade de terapia intensiva)”, informou a nota.
De ambulância, acompanhado por uma médica e uma enfermeira, o recém-nascido chegou ao Hmib às 4h40. Na unidade de saúde da Asa Sul, ele teria sido encaminhado para a sala de urgência, onde sofreu a parada cardíaca. “Foi tentada reanimação por uma hora, mas, infelizmente, não resistiu”, encerrou a nota da Secretaria de Saúde.
Palidez
A Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom) confirmou ao Correio que o pai da criança prestou depoimento na 1ª DP. Segundo ele, a família teria procurado o centro de saúde mais próximo de casa após observar que o filho se mostrava pálido. Depois de ser medicado durante uma hora com soro glicosado, o quadro clínico do bebê piorou. Foi, então, que o médico responsável teria solicitado a transferência da criança para o Hmib.
O delegado Paulo Henrique Almeida, diretor da Divicom, pediu cautela na análise do caso. Segundo ele, ainda é cedo para tratá-lo como homicídio culposo (sem intenção de matar). “Precisamos aguardar o laudo necroscópico e os exames de sangue. Tudo isso já foi providenciado”, pontuou.
O bebê nasceu em 28 de março no Hospital Regional de Samambaia (HRS) e ficou em observação até o último domingo em função das variações da taxa de glicose. No primeiro dia em casa, a mãe teria percebido a palidez do menino, momento em que o levou à UPA do Recanto das Emas. O Conselho Regional de Medicina informou ao Correio que depende de uma denúncia para apurar a conduta da pediatra.
Memória
Suspeita de superdosagem
Rafaela Luiza Formiga Morais (foto), de 1 ano e 7 meses, morreu em 23 de janeiro após receber 3,5ml de adrenalina, recomendados pela pediatra do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) Fernanda Sousa Cardoso a fim de controlar uma alergia. A quantidade, porém, é 10 vezes maior do que o organismo da criança pode suportar, de acordo com especialistas. Rafaela chegou a ser encaminhada para a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Regional de Santa Maria, mas não resistiu depois de sofrer cinco paradas cardíacas. Segundo a mãe da criança, Jane Formiga, 31 anos, Rafaela estava com urticária. A menina não apresentou febre e deu entrada no hospital sorrindo. Na época, o secretário de Saúde do DF, Rafael Barbosa, disse que as informações preliminares sobre o caso apontavam para uma superdosagem de adrenalina, mas somente uma investigação poderia confirmar a suspeita. A médica responsável pela prescrição do medicamento se afastou das atividades ao apresentar atestado de 30 dias devido a uma crise de estresse.
Fonte: Correio Braziliense / MARIANA LABOISSIÈRE
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.