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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Médico se atrasa e culpa doentes por caos nas emergências em Belém

Na troca do plantão, a emergência do pronto socorro do Hospital Abelardo Santos ficou sem médico. Quando chega, o médico diz que ficou preso no trânsito e afirma que os pacientes atrapalham o atendimento.

São quase 20h no pronto socorro do Hospital Abelardo Santos, na grande Belém. Pessoas com todo tipo de problema não param de chegar, mas na troca do plantão a emergência ficou sem médico.

Globo Repórter: Vocês ficam em uma situação difícil?
Funcionário do posto: Com certeza. O público quer atendimento, mas a enfermeira não prescreve nada. É só quando o médico chega que abre o plantão, procedimento de sutura, medicação.
Globo Repórter: Quer dizer, tinha que ter três médicos aqui, mas não tem nenhum?
Funcionário do posto: Eles tão chegando.

Sem médico, alguns doentes desistem. “Vou embora, vou dormir. Não tem médico, tem que ir embora para casa”, diz um rapaz que deixa o hospital mancando. “Vou para casa, esperar lá, me medicar e ver o que vai dar”, declara um homem em cadeira de rodas e com o braço enfaixado.

“Eu vou embora. Aqui não tem atendimento. O que eu vou fazer aqui? “Vou para casa. Vou fazer um chá, sei lá. Vou fazer qualquer coisa”, afirma uma senhora que desiste do hospital com uma criança no colo.

O aposentado Miguel Gonçalves de 74 anos fica com sua dor e sua revolta: “eu acho é muito errado. Esse Brasil aqui, isso aqui não é democracia, isso aqui é o bandalismo.”

A mulher que tem muita dor na cabeça espera, até que, com duas horas de atraso, o médico Dennys Ranieri chega.

Globo Repórter: O senhor é médico?
Dennys Ranieri, médico: Graças a Deus. Pois não.
Globo Repórter: O pessoal está esperando.
Dennys Ranieri, médico: É infelizmente.
Globo Repórter: O que aconteceu?
Dennys Ranieri, médico: Tive problema no trânsito.
Globo Repórter: É sempre assim?
Dennys Ranieri, médico: Não é dificilmente. Ainda está atrasando mais para eu poder atender o povo, mas a maioria aqui é urgência e emergência. Não tem ninguém morrendo. Eles vêm ser atendidos aqui, porque, em vez de eles irem de manhã para serem atendidos nos postos de saúde, eles vêm ser atendidos aqui, porque eles são mais bem atendidos e acabam atrapalhando o atendimento da urgência e emergência real.
Globo Repórter: Mas tem muita gente aqui esperando faz tempo, o senhor que está atrasado e os pacientes que estão errados?
Médico: Não sou só eu. Tem outros médicos. A maioria dos pacientes está errada, porque não era para ter vindo aqui.
Globo Repórter: Mas todos os médicos estão atrasados? Os três do plantão?
Médico: Eu não sabia disso, eu respondo por mim.

O plantão prossegue tenso, a outra médica também atrasou, e um terceiro faltou.

No dia seguinte voltamos ao Hospital Regional Abelardo Santos que está com diretora nova no cargo. Vera Cecim promete tomar providência. “A gente vai investigar, abrir processo administrativo, mandar para o CRM para realmente o médico sofrer as penalidades que são necessárias até para ele não reincidir novamente em fazer a mesma coisa, porque é muito complicado deixar uma unidade de urgência-emergência que tem muita procura, demanda é muito grande. São pacientes graves. Nós tínhamos paciente entubado”, afirma a diretora do Hospital Abelardo Santos, no Pará.

Fonte: G1