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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Empresária morreu após cirurgia plástica devido a coágulo, diz certidão

Michelle Pires, 30, morreu menos de 36h após fazer lipo e abdominoplastia.
Família acusa cirurgião plástico de negligência, em Goiânia; médico nega.


A empresária Michelle de Souza Pires, de 30 anos, que morreu menos de 36 horas após passar por cirurgias plásticas, em Goiânia, foi vítima de um tromboembolismo pulmonar, que é um problema causado por um coágulo que se forma nas veias e entope a artéria do pulmão, segundo consta na certidão de óbito. Fotos divulgadas pela família mostram a paciente logo após os procedimentos, quando aparentava estar bem. Os parentes acreditam que houve negligência médica no caso. O profissional nega.

Michelle morreu no domingo (27) depois de fazer uma abdominoplastia e uma lipoaspiração. Ela morava em Morrinhos, no sul do estado, onde o corpo foi sepultado na manhã desta segunda-feira (28).

A ex-sogra da vítima, Maria Clara Pires, conta que hospedou Michelle em Goiânia depois da cirurgia. Ela afirma que a empresária saiu do centro cirúrgico do Hospital Buriti, no Parque Amazônia, às 20h de sexta-feira (25) e recebeu alta médica às 13h do dia seguinte. Ela seguiu para a casa da ex-sogra, mas passou mal e morreu por volta das 5h de domingo na residência.

“No que ela gritou eu saí correndo, pois eu estava na sala, eu fui no quarto e vi que ela já estava desfalecendo. Aí comecei a fazer massagem cardíaca e lipoaspiração boca a boca. Só que, quando o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] chegou eles tentaram por mais de 30 minutos reanimá-la e não conseguiram”, relatou.

A ex-sogra acredita que o médico responsável pelo procedimento, Pablo Rassi, foi negligente. “A mãe dela me passou que ela estava com anemia, que o médico sabia que ela estava com anemia, e mesmo assim fez a cirurgia”, afirmou Maria Clara.

Em nota, o advogado que defende o cirurgião plástico, Carlos Marcio Rissi Macedo, destacou que o médico, inscrito no Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) e na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em Goiás (SBPC-GO), “lamenta o ocorrido, se solidariza com o sofrimento da família e se coloca à disposição das autoridades para os esclarecimentos”.

O texto ressalta, ainda, que “todos os exames estavam dentro da normalidade e que o ato cirúrgico transcorreu sem intercorrências, além de terem sido adotadas as medidas profiláticas recomendadas”.

Em entrevista à TV Anhanguera, o advogado disse que não houve negligência por parte de Rassi. “A gente acredita que mesmo que eles tivessem tentado falar diretamente com o dr. Pablo, a interferência dele não mudaria o resultado, pois, ao que tudo indica, foi um tromboembolismo, e isso se insere dentro das situações em que o médico no momento pode fazer muito pouco”, afirmou, ressaltando que houve riscos como qualquer procedimento cirúrgico.

Sobre a afirmação da família de uma possível anemia na paciente, o advogado destacou que isso não procede. “Os exames estavam dentro da normalidade, eles não indicavam anemia. Ela estava apta a ser operada”, assegurou Macedo.

Já o Hospital Buriti informou à TV Anhanguera, em nota, que a cirurgia aconteceu sem problemas e, na hora da alta, as condições clínicas da paciente eram adequadas. Como a morte ocorreu fora da unidade, o hospital destacou que aguarda a conclusão de laudos periciais.

O laudo final do Instituto Médico Legal (IML) com as conclusões sobre a morte da empresária deve ficar pronto a partir de 30 dias.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 13º Distrito Policial de Goiânia. Além disso, o Cremego destacou que também instaurou uma investigação.

‘Fatalidade’
O cirurgião plástico Roberto Kaluf, membro da SBCP-GO, falou que, a princípio, a morte de Michelle “foi uma fatalidade”.

“Primeiramente porque foi realizado um procedimento nela no dia anterior e foi nos dito que ela foi toda preparada para o procedimento, com exames pré-operatórios, com avaliação do cardiologista, com uso de equipamentos adequados para a cirurgia, tipo botas de insuflação para membros, aparelho de baixo peso molecular, para se evitar uma trombose e uma embolia. Então, até que se prove o contrário, o que aconteceu com ela foi uma fatalidade”, afirmou.

Segundo ele, a paciente estava com quadro grave de tromboembolismo pulmonar quando morreu. “O que foi nos dito é que o trombo era muito grande, em uma área impossível de ser reparada”, destacou.

Sobre o fato de a paciente ter recebido alta menos de 24 horas depois da cirurgia, Kaluf diz que esse prazo foi correto. “O que existe hoje no mundo, não só aqui em Goiânia, é uma permanência menor possível no hospital. Os cirurgiões plásticos hoje tentam liberar o paciente com menos de 24 horas, para que ele possa começar a deambular e não tenha esses problemas quando a gente fica muito temeroso, como a embolia, trombose, entre outras complicações”.

Já o presidente da SBPC-GO, Luiz Humberto Garcia, explicou que o tromboembolismo pulmonar é uma complicação comum após a realização de abdominoplastia e lipoaspiração. “Tanto que o profissional utilizou de todos os recursos para evitar esse terrível sinistro que aconteceu com o paciente. Ele utilizou compressão pneumática intermitente, usou uma substância que busca evitar a formação do trombo, meia compressiva”, sustentou.

Sobre a possível anemia da paciente, Garcia destacou que “ela não é, nem de longe, causa da hipercoagulabilidade. E a anemia em si não gera um estado de formação de trombose”, explicou.

Fonte: Globo.com