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Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico, Odontológico e da Saúde (FMRP-USP). Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado do curso de Bioética e Biodireito do HCor. Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Médicos buscam lipoaspiração mais segura

Ação de profissionais não qualificados e pré-operatório fraco por parte de pacientes levam a casos de tragédias durante ou depois da cirurgia.

A cada ano cerca de 600 mil cirurgias plásticas são realizadas no Brasil – um dos campeões mundiais nesse tipo de procedimento médico. Mas o país da busca pela beleza também é um dos que mais têm casos de morte. A lipoaspiração é a queridinha das mulheres, e é exatamente por isso que o maior número de óbitos ocorre neste tipo de cirurgia. Especialistas apontam como uma das causas a atuação de profissionais não qualificados. Esse tema estará em debate no XI Simpósio Interna­cional de Cirurgia Plástica, que começa hoje em São Paulo.

Não existe um levantamento oficial sobre os erros médicos ligados a cirurgias plásticas no Brasil. No entanto, um estudo do Con­selho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) revela o tamanho do problema. A pesquisa realizada entre 2001 e 2008 mostra que 33% dos 289 processos estavam relacionados à lipoaspiração. Esses processos investigam denúncias de algum tipo de erro médico.

Um cirurgião capacitado para atender nesta área tem no mínimo 11 anos de experiência – incluindo a graduação e a residência médica, dois anos de especialização em cirurgia geral e mais três em cirurgia estética e reparadora. O médico tem a responsabilidade de fazer todos os exames para garantir que a saúde do paciente esteja boa e evitar riscos. O paciente, por sua vez, deve procurar um médico qualificado e não se deixar levar por promoções absurdas.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Se­­ção Paraná (SBCPPR), César Milleo, muitas vezes a morte não ocorre em função da lipoaspiração, o que provoca confusão. Ele cita como exemplo casos de pessoas que tiveram uma alergia à anestesia e faleceram. “Isso ocorreria em qualquer outro procedimento, até nos mais simples”, argumenta. Em outras situações, a alergia estava relacionada a algum medicamento do pós-operatório.

Parcelamento

Outra questão que vem dando dor de cabeça aos cirurgiões é a atuação de financiadoras que parcelam as cirurgias. Elas oferecem os serviços com parcelamento em várias vezes, e buscam profissionais menos qualificados para aumentar o lucro. “Não adianta acreditar em milagre. Os custos são altos na medicina”, diz Milleo. O coordenador do simpósio internacional, o cirurgião Ewaldo Bolívar, tem a mesma opinião de César Milleo. “Se um anestesista custa um certo valor e alguém oferece pela metade, o paciente tem de desconfiar. Não adianta confiar em um cirurgião da esquina porque a melhor amiga disse que ele é bom”, alerta.


Casos recentes
Nos últimos meses, pelo menos cinco casos chamaram a atenção para os perigos de uma lipoaspiração feita sem cuidados:

Janeiro de 2010 – a jornalista Lanusse Martins, 27 anos, faleceu na mesa de cirurgia, vítima de uma embolia pulmonar. Ela fez a lipo em uma clínica de Brasília.

Julho de 2009 – Ana Paula dos Santos, 31 anos, passou por uma lipoaspiração e prótese de silicone em Londrina e morreu após ficar cinco dias na UTI.

Junho 2009 – Maria Aparecida dos Santos Eugênio, 29 anos, morreu em Guarulhos (SP), vítima de parada cardiorrespiratória.

Março de 2009 – A dona de casa Adriane Mabi, 35 anos, morreu por infecção generalizada em São Paulo uma semana após fazer uma lipo.

Fevereiro de 2009 – A recepcionista Regiane Bauer, 27 anos, teve uma parada cardiorrespiratória e faleceu quando fazia uma lipoaspiração em uma clínica.



Cirurgiões sugerem cuidados básicos

A lipoaspiração é uma cirurgia que retira a gordura do indivíduo por meio de uma aspiração com alta pressão. A recomendação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) é que a quantidade de gordura retirada seja de, no máximo, 7% do peso do paciente. Estudos mostram que quantidades acima desse valor já oferecem riscos, e os médicos são proibidos de retirar mais material, embora haja pacientes que peçam por isso.

O primeiro passo para quem está em busca de uma lipoaspiração é verificar se o médico é filiado à SBCP. Isso, por si só, já garante que o profissional é qualificado. O segundo passo é exigir que a cirurgia seja feita em um hospital, que pode oferecer garantias de segurança, como unidades de terapia intensiva (UTIs).

O cirurgião Andre Auersvald pede a seus pacientes um check-up completo. “Fazemos uma avaliação completa do perfil, desde a parte neurológica até a cardiológica. Se não há condições de fazer a lipo, não fazemos”, diz. Ele acrescenta que é responsabilidade do médico pedir estes exames e checá-los. Para Iberê Condeixa, a lipo chegou ao Brasil na década de 80 ainda prematura e não havia uma técnica madura, por isso ocorriam problemas. “A lipoaspiração acabou ficando com a má fama”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo