Mulher de 24 anos foi levada 5 vezes para a Santa Casa de Machado.
Segundo família, ela foi medicada, mas não teria se submetido a exames.
Uma jovem de 24 anos morreu no pronto-socorro da Santa Casa de Machado (MG) no final da tarde desta segunda-feira (18) e familiares suspeitam de negligência no atendimento. Segundo a família, Ednalva Oliveira Silva começou a passar mal na sexta-feira (15). Ela foi levada para o hospital sentindo dores pelo corpo e com gosto de sangue na boca.
Ainda segundo os familiares, ao ser levada para o hospital na sexta-feira, no sábado (16) e no domingo (17), ela teria recebido injeções, mas os parentes não sabem o que foi injetado na jovem. Analgésicos e antiinflamatórios também foram receitados. Na segunda-feira, apareceram manchas pelo corpo de Ednalva, que foi levada novamente ao pronto-socorro pelo irmão. Após algumas horas, a jovem morreu no local.
De acordo com a Polícia Militar, dois boletins de ocorrência foram feitos contra a Santa Casa. Um deles foi feito pelo Ministério Público da cidade, através da promotora Valéria Magalhães da Silva, que esteve no pronto-socorro para fiscalização do atendimento e constatou que não havia um médico de plantão. Quem estaria fazendo atendimento no local seria apenas um médico de um convênio, que atendia emergências do plano de saúde e não tinha vínculo com o pronto-socorro.
O outro boletim foi feito por um vereador que, ainda segundo a PM, discutiu com o provedor do hospital pela falta de médicos no pronto-socorro. A Polícia Civil afirma que tem uma informação de que Ednalva teria leucemia, mas a família diz que desconhecia a doença. Ainda segundo os familiares, ela foi levada cinco vezes para o pronto-socorro e não foram feitos exames na vítima.
O corpo da jovem foi encaminhado para o IML de Alfenas (MG) para necropsia à pedido da família. O delegado Cleovaldo Marcos Pereira informou que um inquérito será aberto para investigar se houve algum tipo de irregularidade no atendimento feito no pronto-socorro do Hospital Santa Casa.
Até esta publicação, nenhum representante da prefeitura, que assumiu o pronto-socorro no início do ano, foi encontrado para falar sobre o assunto. A direção da Santa Casa também ainda não se pronunciou.
Crise na Santa Casa
Em janeiro deste ano, moradores de Machado já haviam registrado um boletim de ocorrência quanto à falta de atendimento no pronto-socorro da cidade. O motivo da crise, segundo o provedor da Santa Casa, era a falta de repasse de verbas da prefeitura. Segundo ele, 28 médicos e outros 16 funcionários estavam sem receber os salários.
No início de fevereiro, o secretário de saúde de Machado, Marcos Matheus, informou que o atendimento foi normalizado, assim como o pagamento do mês de janeiro dos funcionários. O provedor da Santa Casa, Lúcio Dias Vieira Júnior, afirmou que a prefeitura baixou um decreto assumindo a administração do pronto-atendimento.
Fonte: Globo.com
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- MARCOS COLTRI
- Advogado. Especialista em Direito Médico e Odontológico. Especialista em Direito da Medicina (Coimbra). Mestre em Odontologia Legal. Coordenador da Pós-graduação em Direito Médico e Hospitalar - Escola Paulista de Direito (EPD). Coordenador ajunto do Mestrado em Direito Médico e Odontológico da São Leopoldo Mandic. Preceptor nos programas de Residência Jurídica em Direito Médico e Odontológico (Responsabilidade civil, Processo ético médico/odontológico e Perícia Cível) - ABRADIMED (Academia Brasileira de Direito Médico). Membro do Comitê de Bioética do HCor. Docente convidado da Especialização em Direito da Medicina do Centro de Direito Biomédico - Universidade de Coimbra. Ex-Presidente das Comissões de Direito Médico e de Direito Odontológico da OAB-Santana/SP. Docente convidado em cursos de Especialização em Odontologia Legal. Docente convidado no curso de Perícias e Assessorias Técnicas em Odontologia (FUNDECTO). Docente convidado de cursos de Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde. Especialista em Seguro de Responsabilidade Civil Profissional. Diretor da ABRADIMED. Autor da obra: COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA.